terça-feira, 9 de julho de 2019

Projeto Executivo para Iluminação Urbana do Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da Praça da Liberdade

(por Magno Córdova)


O Rabiscos, com exceção de alguns textos de um determinado período, sempre pretendeu ser um blog sobre música. 

Nesta renascença, abro mais uma exceção, mas faço um gancho. 

Considerando o objeto do presente texto, acoplo a ele uma canção na abertura para, em tese, ilustrá-lo.

Originalmente o texto foi desenvolvido dentro de uma proposta de projeto objetivando intervenção  de iluminação elétrica na praça - e em tudo que veio a constituir o Circuito Cultural por ela encabeçado.

Dessa forma, tenho em mente que a referência à praça principal da cidade é um chamamento para o que constitui como uma espécie de Ponto Euxino, para onde convergem em reunião todos os sons em músicas apresentadas pelo Programa Aldeia Do MUNDO, por mim conduzido por dois anos e meio na rádio Inconfidência, emissora estatal localizada na capital onde se localiza a praça.

Atualmente (jul/2019), o Aldeia Do MUNDO continua retransmitido pela Rádio Transforma, da Cidade do Porto, em Portugal, e ganhou nova parceria, através do jornalista Antônio Carlos Lua, na Rádio Web Justiça do Maranhão, onde também retransmitirá simultaneamente levando ao ar as edições inéditas que estão a caminho de serem transmitidas nessas duas emissoras. 

Segue, portanto, o texto, para os que são, moram, já habitaram, visitaram, irão visitar, querem conhecer esse núcleo urbano que muito tem a dizer sobre seu entorno imediato como cidade, mas mesmo sobre o estado, sobre o país e outras paragens, tornando-se, dessa maneira, mesmo em suas particularidades, uma metonímia de Aldeia Do MUNDO.


Praça da Liberdade, aproximadamente em 1910.
Fonte Acervo MHAB - Museu Histórico Abílio Barreto 


Heróis da Liberdade

(Silas de Oliveira, Manuel Ferreira e Mano Décio da Viola)

Com João Bosco

(vídeo extraído do Youtube)

Ôôôô

Liberdade, Senhor
Passava noite, vinha dia
O sangue do negro corria
Dia a dia
De lamento em lamento
De agonia em agonia
Ele pedia
O fim da tirania
Lá em Vila Rica
Junto ao Largo da Bica
Local da opressão
A fiel maçonaria
Com sabedoria
Deu sua decisão lá, rá, rá
Com flores e alegria veio a Abolição
A independência laureando o seu brasão
Ao longe, soldados e tambores
Alunos e professores
Acompanhados de clarim
Cantavam assim:
Já raiou a liberdade
A liberdade já raiou
Esta brisa que a juventude afaga
Esta chama que o ódio não apaga pelo Universo
É a evolução em sua legítima razão
Samba, oh samba
Tem a sua primazia
De gozar da felicidade
Samba, meu samba
Presta esta homenagem
Aos "Heróis da Liberdade"
Ôôôô



Histórico

I - Introdução
O presente texto toma como ponto de partida o reconhecimento da heterogeneidade do seu objeto. Isso porque se trata de um acervo patrimonial urbano cuja existência não coincide temporalmente com a ocorrência dos processos que envolvem a realização daquilo que o beneficiará no presente, através da intervenção técnica. É justamente a consciência da diversidade temporal do patrimônio, inscrita na trajetória de sua consolidação histórica, que norteará as ações de execução.
Trata-se, portanto, de buscar um caminho histórico para uma experiência empírica específica de conjunto, no âmbito da cidade de Belo Horizonte. Isto implica a verificação dos sentidos possíveis de unidade e homogeneidade, por um lado, e diversidade e pluralidade, por outro, inscritos no âmbito de uma concepção tomada como marco pioneiro de planejamento urbano no país. Dessa maneira, estes sentidos devem ser matizados em seus registros temporais.
Em seus traços internos e em sua própria historicidade, a trajetória do que veio a se constituir como conjunto urbano da Praça da Liberdade nunca esteve previamente dada em suas fronteiras.  A percepção do caráter transformador e dinâmico, aliado à valorização de elementos tradicionais, é mais facilmente notada quando se consideram os significados sociais e políticos agregados durante sua trajetória histórica em relação às intencionalidades de sua origem. Por se constituir e consolidar-se ao longo de significativo período de tempo, a Praça da Liberdade pode ser tomada como reflexo em dimensão microscópica das transformações de ordem sociocultural vivenciadas pelo seu entorno, ou seja, mais imediatamente pela cidade em construção a que pertence, e mesmo à unidade federativa em um sentido lato.
Nesta perspectiva é que se torna “preciso compreender que as sequências temporais são as que marcam as mudanças que fazem a história, criam a periodicidade (ou diferenças de significado), sendo elas as que permitem pensar na existência de gerações urbanas, em cidades que se sucederam ao logo da História e que foram construídas e iluminadas segundo diferentes maneiras e ideologias.” [1]
A atitude de reunir argumentos extraídos de estudos e fontes bibliográficas e documentais diversos sobre a trajetória histórica da Praça da Liberdade permite uma melhor compreensão desse processo, ao mesmo tempo em que possibilita aferir a pertinência das intervenções técnicas a serem realizadas no projeto atual aqui contemplado, voltado para sua iluminação. Vejamos.

II - A Praça da Liberdade como metonímia da cidade de Belo Horizonte

Belo Horizonte foi planejada no contexto dos ideais positivistas então em vigor no século XIX e postos em vigência pelo regime republicado instaurado no Brasil em 1889. Portanto, a nova capital foi pensada através dos pilares da ordem e do progresso, conceitos-chave dentre aqueles ideais, tomados de empréstimo, inclusive, como lema da bandeira republicana do país.
Do ponto de vista urbanístico, alguns autores reconhecem na forma como a cidade foi configurada - em linhas e esquinas retas – uma aproximação maior aos cânones barrocos da tradição ibérica e do modismo francês. Nesse sentido, não se estabelece em sua concepção original qualquer objetivo de estreitamento entre a cidade e a região onde se instala: ao contrário, sua idealização seria a expressão absoluta do poder da cidade-capital. [2]    
Como representação do poder, a Praça foi prevista e construída no ponto mais alto dos limites da Avenida do Contorno, para onde convergiam diversas das principais ruas da cidade. À época da inauguração, o Palácio Presidencial e as três Secretarias – das Finanças, da Agricultura, Comércio e Obras Públicas e do Interior – estavam inacabados, assim como grande parte de outras construções da cidade.
Mesmo assim - e apesar de ser concebida dentro de parâmetros urbanísticos tidos como pré-modernos -, já nas primeiras décadas do século XX a nova capital despontou como um signo da modernidade. Tomada sob esse viés, Belo Horizonte teria sido capaz de apropriar-se das principais funções urbanas que lhe caberiam, tornando-se um espaço de representação simbólica coletiva: “são suas experiências comercial, industrial e intelectual entrelaçadas que vão transformar a cidade em cultura”. [3]
Nesse sentido, a noção de metonímia surge como recurso plausível para dimensionar o que, na história da cidade de Belo Horizonte, representou e representa o espaço da Praça da Liberdade, como “espaço indutor de sociabilidade (...) [que] envolvia tanto as atividades públicas e políticas como as de lazer”. 
a)       Arquivo e memória da Praça da Liberdade: controvérsia sobre a planta
 Os primeiros levantamentos históricos sobre o local escolhido para abrigar a Praça da Liberdade foram realizados pelo escritor, historiador e jornalista Abílio Barreto, em sua obra intitulada Belo Horizonte, memória histórica e descritiva – história antiga, publicada pela Imprensa Oficial de Minas Gerais, em 1928.  Neste trabalho, Barreto informa que
“(...) havia no Arraial uma via-crúcis campal, abrangendo uma área de 1600 m2, toda murada de taipa, resguardando 14 cruzes. Fora erigida pelo missionário Frei Francisco de Coriolano, em 1853 (...) Essa via-crúcis destinava-se à via-sacra e foi destruída pela Comissão Construtora da Nova Capital, quando se fez a esplanada para a atual Praça da Liberdade”. [4]
Parte significativa da documentação consultada traz a informação de que teria sido o chefe da Comissão Construtora da Nova Capital, Aarão Reis, o responsável pelo projeto de distribuição das edificações oficiais do poder executivo mineiro dentro dos limites da praça, junto ao Palácio do Governo. Em documento oficial recente elaborado para compor o Processo de Tombamento da praça pelo município (1994) tal informação encontra-se segura:
“o Conjunto Urbano da Praça da Liberdade e Adjacências é caracterizado pela praça e edifícios que compõem o centro cívico da Nova Capital do Estado tal como foi concebido pelo traçado original de Aarão Reis. Além do Palácio da Liberdade e Secretarias de Estado de Obras, Fazenda, Educação e Segurança Pública a aérea conta com outras edificações remanescentes desta época, constituindo-se num dos mais significativos conjuntos contemporâneos à fundação da cidade”. [5]
No entanto, em texto intitulado “A construção do lugar e da memória: a Praça da Liberdade e seu prédio Rosa” [6] é possível extrair a seguinte informação, que contesta aquela que é mais disseminada:
“no projeto original da CCNC [Comissão Construtora da Nova Capital], a Praça da Liberdade seria apenas uma grande esplanada com o Palácio Presidencial ao fundo, sem nenhuma outra repartição pública. Essa concepção foi alterada, ainda em sua fase de planejamento, pelo engenheiro Francisco Bicalho, que assumira o cargo após o desligamento de Aarão Reis. Por decisão de Bicalho, as Secretarias do Estado foram transferidas para as laterais da Praça, fazendo com que essa assumisse a feição de centro administrativo da cidade”. [7]
A hegemonia da presença de Aarão Reis na direção da Comissão Construtora da Nova Capital pode ser explicada pelo que nos esclarece o historiador Cristiano Alencar Arrais, segundo o qual
“... a defesa da probidade e da ética na condução da vida pública é que comandou o discurso de Aarão Reis. São estes os dois atributos que definem também a forma como o engenheiro-chefe via a construção de Belo Horizonte: termos como “penosa tarefa”, “trabalhoso e árduo período”, “espinhosa tarefa”, “penosa tarefa” e “insano labor” são constantemente utilizados nos documentos levantados. Enquanto que termos como lealdade, dever, sacrifício, dedicação, ilustração, entre outros, definem a visão que o engenheiro- chefe tinha sobre seu trabalho”[8].
Em outro momento, o mesmo pesquisador complementa:
“além de ser trabalho e obra, a função de Aarão Reis era entendida por ele como missão – civilizadora, patriótica e republicana – que, ao final, a tornaria indissociável da imagem de seu autor. (...) Dessa forma, mesmo após sua saída da chefia da Comissão Construtora, essa imagem será perpetuada, nublando a participação de Francisco Bicalho no processo de construção de Belo Horizonte”[9].
Entretanto, investigando as motivações que levaram o engenheiro Francisco Bicalho à decisão indicada, temos que com a troca de comando na condução do processo de construção da nova capital mineira (em que Bicalho assume como novo chefe da Comissão Construtora), tal ideia foi abandonada em função da constituição de um centro cívico tradicional, concentrado em torno da Praça da Liberdade. Esta alteração, entre outras, visava facilitar o processo construtivo, a valorização imobiliária e a consequente ocupação do perímetro urbano tendo em vista a grave crise financeira por que passava o Estado no final do século XIX. A mesma crise faria com que muitos elementos e prédios previstos no projeto original de Aarão Reis nunca saíssem do papel. [10]
A controvérsia ganha ainda mais sentido na medida em que se sabe dos embates travados internamente entre as vertentes do movimento republicano em torno da afirmação e da luta por supremacia em relação a autoria da proclamação do então novo regime. Consultando um documento intitulado “Solicitação”, datado de 1897, Alencar Arrais transcreve em nota de rodapé o conteúdo do  documento, segundo o qual
“Os republicanos veneradores da memória do Inquebrantável Defensor da República na sua mais antiga crise, desejando aproveitar a data para render-lhe uma homenagem, vem pedir que seja dado à atual avenida da Liberdade o nome de Marechal Floriano”. [11]
Como se sabe, a Avenida Liberdade era como se chamava a atual Avenida João Pinheiro, que originalmente se prolongava até a frente do Palácio da Liberdade e posteriormente teve o trecho da praça da Alameda das Palmeiras. Francisco Bicalho teria indeferido o pedido, justificando que a ele não competia mudar nomes de ruas batizadas por Aarão Reis.  O engenheiro chefe informava que a troca de nome da rua só seria possível via decreto, já que a planta foi aprovada também por decreto.
A primeira grande reforma no espaço da Praça da Liberdade, considerada um marco em sua história, se deu em 1920 - início de década caracterizada por intenso processo de reforma e intervenção em cidades brasileiras – e transformou significativamente a arquitetura local.  Esta reforma da Praça teve por motivação imediata a visita dos reis da Bélgica, que vieram acompanhados do então presidente da república Epitácio Pessoa.
Rompendo definitivamente com a imagem de cidade inacabada, iniciava-se a fase de melhorias e remodelação do plano original e a consolidação da cidade de Belo Horizonte enquanto centro administrativo, comercial e cultural do país. Para a arquiteta e historiadora Júnia Marques Caldeira,
“a remodelação da Praça da Liberdade caracterizou-se por uma geometrização do seu traçado paisagístico, propondo uma série de canteiros e jardins, com a predominância de formas retangulares. Executado pela empresa paulista Dieberger & Cia, o novo traçado apresentava seis pontos articulados ao longo de três eixos transversais (em um retângulo de 22,5 mil m2): o chafariz (1), o coreto (2) e o grande lago com a fonte luminosa (3) compondo a primeira parte; a fonte secundária (4) e dois monumentos (5 e 6), a segunda; no centro, permanecia a Alameda das Palmeiras formando o eixo principal”[12].
É neste momento que a Praça começa a se consolidar como um território de sociabilidade urbana e que a vida cultural belo-horizontina explode na cidade. A Praça da Liberdade não é mais a praça do bairro, transforma-se na Praça da cidade.
Na década de 40, a cidade de Belo Horizonte sofre a sua primeira grande expansão, estimulada pelo processo de crescimento e modernização iniciado na década anterior. Acentua-se o processo de verticalização, transformando definitivamente a paisagem urbana. Este processo se manifesta, no espaço da Praça, com a especulação imobiliária transformando o bairro dos Funcionários e atingindo o seu entorno. Em 1954 surge o primeiro edifício residencial: o Edifício Niemeyer, obra do arquiteto que lhe deu nome e que também será responsável pelo projeto da Biblioteca Pública do Estado, executado em 1961. Em 1959 é construído o Edifício Mape. Esta nova ocupação residencial, com predominância da classe média alta, possibilitou a apropriação do entorno como lugar de moradia, acarretando um aumento na densidade populacional do bairro.

III - A Praça da Liberdade como locus por excelência das políticas de preservação do patrimônio em Belo Horizonte

Os encaminhamentos de processos de preservação do patrimônio artístico, arquitetônico e cultural envolvendo o conjunto da Praça da Liberdade tiveram início em 1975, primeiramente com a aprovação do tombamento do Palácio da Liberdade pelo IEPHA/MG. Na primeira metade da década de 1970, o Palácio, as secretarias e o conjunto da Praça foram objeto de reflexão e debate acerca de modelos de preservação do patrimônio. Em 1977 o Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da Praça da Liberdade – secretarias e os jardins da Praça - seria tombado pelo IEPHA. Na esfera municipal, o Conjunto Urbano da Praça da Liberdade - Avenida João Pinheiro e Adjacências - teve seus bens tombados no ano de 1994, pelo Conselho Municipal de Cultura.
Os percursos trilhados por esses processos de valorização e reconhecimento do patrimônio que tomam a Praça como protagonista exemplificam o grau de importância com que o tema passa a ser tratado oficialmente a partir dos anos 70. Tome-se por referência um dos documentos elaborados para legitimar o tombamento municipal que refaz o referido percurso. De acordo com este documento, a política preservacionista do patrimônio no Brasil, iniciada em 1937, com a criação e aprovação do Decreto-Lei 25 e do SPHAN (Secretaria do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), passou, a partir da década de 1970, por importantes mudanças:
“em termos conceituais, a ênfase dada aos monumentos da cultura do colonizador tornava problemático, nos anos 70, uma identificação social mais abrangente com o patrimônio. Para setores modernos e nacionalistas do governo, era necessário não só modernizar a administração dos bens tombados, como atualizar também a própria composição do patrimônio, considerada limitada a uma vertente formadora da nacionalidade, a luso-brasileira, a determinados períodos históricos, e elitista na seleção e no trato dos bens culturais, praticamente excluindo as manifestações culturais mais recentes, a partir da segunda metade do século XIX, e também a cultura popular”.
Note-se uma tendência à flexibilização socioeconômica e à incorporação de bens mais próximos da experiência cultural recente no quadro de reconhecimento do valor cultural. Há, portanto, neste documento, a indicação de um pensamento que redimensiona oficialmente tanto o conceito de cultura quanto põe em evidência um conceito tradicional de história que somente valoriza os cânones de um passado longínquo e estático, associando–a à ideia hegemônica e elitista de monumentalidade como pompa: 
tudo apontava para uma política cultural que se dispusesse a conhecer o Brasil. Identificar seus múltiplos referenciais culturais. Redescobrir sua heterogeneidade cultural, visto que (segundo Magalhães) ‘a heterogeneidade é a inverdade’. O que deveria ser feito sempre visando a visão do conjunto. Recuperando a visão do todo cultural. Dito (segundo Magalhães) de forma direta e didática: “a nossa realidade é riquíssima, a nossa realidade é, inclusive, desconhecida. É como se o Brasil fosse um espaço imenso, muito rico, e um tapete velho e roçado, um tapete europeu, cheio de bolor e poeira tentasse cobrir e abafar este espaço.” 
Teria sido pela presença de Aloísio Magalhães na presidência do SPHAN (Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) durante os anos 1979-1982 que tornou-se possível lançar luz a uma nova reflexão e formulação conceitual acerca dos bens passíveis de tombamento. Foi neste período que se reelaboraram não só as noções de valor histórico,  como também tiveram reformuladas as concepções  administrativas e a composição do patrimônio nacional.
“Sua noção de bens culturais se opôs à noção de patrimônio histórico e, ao mesmo tempo, a incorporou. Opôs-se na medida em que a noção de patrimônio foi, historicamente, apropriada e reduzida à noção de preservação do patrimônio de pedra e cal. Da preservação arquitetônica dos monumentos da etnia branca e elite, civil, militar ou eclesiástica. Incorporou-o na medida em que patrimônio histórico passou a ser a espécie, e bens culturais, o gênero. Trata-se, portanto, de conceito mais abrangente, que incorpora a tecnologia, a arte, o fazer e o saber. Das elites e do povo também. Da etnia branca e também da negra e da indígena. Pois, como gostava de dizer: ‘a cultura brasileira não é eliminatória, é somatória’.“

IVUnidades que compõem o Conjunto Urbano da Praça da Liberdade

                Na elaboração do Relatório Inicial Preliminar relativo ao presente Projeto foram estabelecidos pela CELIX alguns critérios mínimos a serem utilizados no tratamento de intervenção do conjunto da Praça. As ações para a execução do mesmo pretendem respeitar as características de cada unidade que compõe o conjunto, formado pelas seguintes edificações: Palácio da Liberdade, Biblioteca Pública Luis de Bessa, Rainha da Sucata, Espaço do Conhecimento, Museu Minas Metal, Memorial Vale, Edifício Sede do IPSEMG, Prédio Verde, CCBB, Casa Amarela – SEBRAE, Casa Amarela – CEFART e mais a alameda central e fontes constantes na praça[13].
                Em texto escrito no ano de 1997, Yonne Grossi informa, referindo-se às primeiras edificações oficiais construídas no espaço da Praça,  que “as pedras fundamentais desse palácio e de três secretarias são lançadas em 07/09/1896. Na Praça da Liberdade, voltadas para o nascente, estão as secretarias de Finanças (hoje, Fazenda) e do Interior (hoje, Educação). Em frente à de Finanças, acompanhando o poente, situa-se a de Agricultura (atual Viação e Obras Públicas). A inauguração do Palácio se associa à da cidade em 12/12/1897”[14].
Uma caracterização mais tecnicamente detalhada sobre o local, nos primórdios da história do município, encontra-se no texto de apresentação relativo à Praça da Liberdade, incluído no tópico “Caracterização geral do Conjunto Urbano da Praça da Liberdade e Adjacências”[15], elaborado pela Fundação Municipal de Cultura como parte do processo de tombamento do Conjunto pelo Conselho Municipal, assim a descreve:
Principal referência e âncora do conjunto, [a Praça da Liberdade] é um espaço caracterizado pela monumentalidade e convivência harmônica entre edificações de várias épocas. Isto se dá não só pelo desenho simétrico da própria praça, reforçado pelo tratamento paisagístico com a característica alameda de palmeiras imperiais ao centro, mas também pelo agenciamento dos espaços vazios e construídos que a compõem, definidos entre outros pelos seguintes aspectos:
- volumetria predominantemente horizontal: a maioria dos edifícios tem alturas equivalentes a três ou quatro pavimentos;
- afastamentos generosos entre as edificações;
- utilização de elementos arquitetônicos que propiciam diálogo entre o espaço privado das edificações e o espaço público da Praça tais como escadarias externas com degraus de convite como no caso dos edifícios das Secretarias, pilotis vazados como nos Edifícios Mape e Niemeyer ou ainda recuos ajardinados como no Campos Elíseos e no próprio Palácio da Liberdade;
- relação de escala entre o espaço livre da Praça, as edificações do entorno e o segundo plano, o background, onde, apesar do processo de verticalização cada vez mais intenso, ainda se pode vislumbrar o céu.
                Cabe ressaltar que, neste mesmo documento aparecem listadas 13 diretrizes de proteção para o conjunto, dentre elas “Promover junto à Regional Centro-Sul e a CEMIG a implantação de projetos de iluminação para os principais eixos e pontos de interesse do conjunto. Como foi exemplificado através dos recursos utilizados nos jardins da Praça da Liberdade, deverão ser implementados projetos de iluminação que valorizem também a arquitetura local”. [16]

a)       O Palácio da Liberdade

                Trata-se de prédio construído em fins do século XIX, tendo sua fachada de cantaria executada pelo empreiteiro Sr. A. Teixeira Rodrigues, Conde de Santa Marinha, inclusive a balaustrada das entradas laterais. A parte posterior foi empreitada com o Sr. Carlos Antonini. O edifício encontra-se na antiga esplanada, cujos serviços ficaram, a princípio, com o Sr. Carlos Antonini. Posteriormente ficaram a cargo do Sr. Leonardo Gutierrez.
                O projeto é de autoria do arquiteto José de Magalhães. Os trabalhos de pintura e decoração foram entregues ao artista Frederico Antônio Steekel. Trata-se de arquitetura de influência francesa, fruto ainda dos discípulos da Missão Francesa, que fundou no Brasil a Academia de Belas Artes – estilo acadêmico, neoclássico. Marcam o seu estilo os elementos clássicos, cujos ornamentos apresentam características interessantes, como grande aplicação de elementos decorativos em papier maché pintados, importados da Europa. Predomina em seu conjunto o gosto europeu, tão difundido e aceito naquela época.           Suas salas são ornadas com pinturas douradas, elementos decorativos e espelhos de cristal.         A escada do hall nobre é peça de grande valor artístico, feita na Bélgica, na Acières Bruges, tendo em ferro batido ornamentação tipo folhagem. A mesma se desenvolve em toda a área do hall, sendo seu piso de mármore de Carrara.
Os pisos dos salões são em parquet, ricamente trabalhados, formando desenhos.
                “(...) levando-se em conta o Palácio Presidencial, hoje Palácio da Liberdade, ter sido e continuar sendo o centro de fatos históricos ligados não só aos destinos de Minas Gerais, mas do Brasil, sede das revoluções (SIC) e centro da política mineira, centro de administração do estado, [seu valor histórico] é indiscutível”. [17]
                As pinturas originais do Palácio da Liberdade são de autoria de Frederico Steckel.
                É possível que o Palácio da Liberdade seja de todo o conjunto a unidade arquitetônica que potencialmente tenha sofrido o maior impacto público após a alteração de sua função social, verificada tanto com a mudança do local sede do governo do Estado quanto pela sua inclusão no Circuito Cultural da Praça. A curiosidade pública em torno da edificação pode ser traduzida não só pela suntuosidade e centralidade que ocupa em relação à praça e às demais unidades do conjunto, como também pela função política que ocupou ao longo da história da capital e da história republicana mineira. A abertura de suas dependências à visitação representa um ganho social significativo, ao possibilitar a ampliação de acesso aos bens culturais e artísticos que o Palácio possui e, consequentemente, a reconfiguração do seu espaço de sociabilidade.

b)      Biblioteca Pública Estadual Luiz de Bessa e Anexo Francisco Iglésias

Do ponto de vista da história recente da Biblioteca Luiz de Bessa, é preciso destacar o incêndio ocorrido em dezembro de 2012.
Durante a etapa de visitas realizadas pela equipe às unidades que compõem o Conjunto da Praça, observou-se na fachada principal da Biblioteca uma aparente bandeja suspensa. Foi cogitado sua existência no projeto original.
Verificou-se que a área externa ao Anexo é utilizada cotidianamente pela população de rua concentrada no local. Cogitou-se o deslocamento espontâneo dessa população em virtude do Projeto de Iluminação do Conjunto alterar a luminosidade e visibilidade dos pontos utilizados como dormitórios.
O Anexo foi incorporado à Biblioteca após doação da Secretaria da Fazenda, em 1999. Houve duas inaugurações, nos anos de 1999 e de 2000, sendo que na segunda delas o então Governador Eduardo Azeredo homenageou o historiador Francisco Iglésias, emprestando seu nome à edificação.

c)       Edifício Niemeyer

A construção do Edifício Niemeyer representou uma ruptura na escala volumétrica e na tipologia arquitetônica da Praça. Com um padrão em torno de quatro pavimentos das secretarias, os doze andares propostos por Niemeyer marcavam definitivamente a paisagem da região. O edifício, representante da arquitetura moderna brasileira, tornou-se um importante atrativo passando a figurar nos cartões postais da cidade. As linhas curvas, lisas, em puro concreto contrastavam com o ecletismo dos prédios oficiais.

d)      Edifício da Antiga Sede do IPSEMG (Instituto de Previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais - Rua Gonçalves Dias, esquina com Av. João Pinheiro)

O antigo prédio do IPSEMG encontra-se em reforma. Dará lugar a uma unidade acadêmica da UEMG – Universidade do Estado de Minas Gerais. A concentração de unidades e atividades educacionais e culturais no Circuito cria uma unidade que privilegia tanto o seu caráter memorialístico quanto o de atualização de seu uso, legitimando a importância do patrimônio em toda sua historicidade. Do ponto de vista arquitetônico, o recuo do seu terceiro bloco pode ser considerado uma solução modernista incomum, mas que teve como objetivo não destoar do equilíbrio de composição dos demais prédios da praça.

e)      CENA – CENTRO DE ENSAIO ABERTO

Localizado no “Prédio Verde”, o CENA é o nome criado por Paulo Pederneiras que define a ocupação da antiga sede da Secretaria de Viação e Obras, na Praça da Liberdade. O projeto tem por objetivo central oferecer à cidade de Belo Horizonte, na forma mais democrática possível, um espaço dedicado a realização de ensaios de grupos e artistas nos campos do teatro, dança, música, artes plásticas e multimídia, com estrutura física e o apoio necessário para a concretização de seus projetos. Em pesquisas preliminares realizadas com representantes destes campos, verificou-se que a dificuldade recorrente, em especial para os artistas e grupos mais jovens ou em formação, é a disponibilidade de um espaço adequado aos ensaios e experimentos.
Fiel aos mesmos princípios que nortearam a criação do Circuito Cultural da Praça da Liberdade, que revigora o patrimônio e busca novas formas de ocupação que permitem que esse conjunto de edificações se mantenha dinâmico e integrado à vida da cidade, o prédio que abrigou a Secretaria de Agricultura, Comércio e Obras Públicas e, posteriormente, a Secretaria de Viação e Obras e o IEPHA-MG, será transformado num centro de estímulo à produção cultural, bem como à formação de redes entre os frequentadores do espaço, com uma intervenção que prioriza a retomada da configuração espacial e os valores arquitetônicos originais do edifício.

f)        Museu das Minas e do Metal (MMM)

Conhecido como prédio rosa, a edificação foi criada para abrigar a Secretaria do Interior. No entanto, antes mesmo de sua inauguração receberia as instalações da Repartição de Terras – órgão da Secretaria da Agricultura – e o Tribunal da Relação. No início da década de 1930, abrigou as repartições públicas da Secretaria de Educação e Saúde, criada pela Lei n. 1.147, de 06 de setembro de 1930. Em 1948, com a separação das pastas de Educação e Saúde, passou a sediar apenas a Secretaria de Educação. Na década de 1990 a Secretaria de Educação transferiu-se para o bairro da Gameleira e no prédio rosa foram instalados o Centro de Referência do Professor (CRP) e o Museu da Escola. Atualmente abriga o Museu das Minas e do Metal.
Foi construído seguindo a tendência estilística oficial adotada pela CCNC – a eclética, com predominância de elementos neoclássicos do Segundo Império Francês. As estruturas de ferro, que compõem um traço marcante comum na arquitetura de estilo eclético da Praça da Liberdade, foram importadas da Bélgica, produzidas pela Societé Anonyme Ateliers e Forges & Aciéries de Bruges. De origem belga são as escadarias, o elevador, as grades e outros elementos produzidos em ferro. O zinco, de origem das mesmas empresas belgas, foi utilizado nos motivos e ornamentos das calhas e na cúpula do edifício.
Assim como as pinturas originais do Palácio da Liberdade, as das Secretarias do Estado também são de autoria de Frederico Steckel. Além das ilustrações figurativas e alegóricas, há pinturas nas paredes que se assemelham às texturas das rochas. A maioria dos pigmentos das tintas utilizadas no acabamento do edifício era de origem mineral, muitos deles também importados da Europa. Steckel trouxe consigo uma equipe do Rio de Janeiro que, além das pinturas, realizaram trabalhos com estuque no prédio. O estuque, massa de cal e areia e, conforme o caso, gesso, foi utilizado na composição das cantarias e como elemento decorativo no edifício.
Os vidros incolores e coloridos das janelas, luminárias e espelho, foram produzidos segundo a técnica do sopro em moldes. Os vidros de cores foram importados pelo engenheiro e empresário Joseph de Jaegher, também da Bélgica.

g)       CEFART

É a extensão do Centro de Formação Artística da Fundação Clóvis Salgado – escola que tem como foco de atuação capacitar, qualificar e aperfeiçoar os estudantes das áreas de Teatro, Dança e Música. Este novo espaço abriga ensaios dos grupos artísticos Big Band Palácio das Artes e Grupo de Choro Palácio das Artes.

V - Paisagismo

                Em texto publicado no jornal Minas Gerais durante o período da primeira grande reforma ocorrida na Praça da Liberdade, em 1920, lê-se:
“Prosseguem com grande atividade os trabalhos de construção do jardim da Praça da Liberdade.
De acordo com a planta do jardim, elaborada pelo arquiteto paisagista Reynaldo Dieberger, o prolongamento da Avenida João Pinheiro que separa a praça em duas partes terá dois canteiros, um à direita, outro à esquerda, ornamentado com as cores belgas, interrompidas por coníferas, podadas em formato bola. Em torno do jardim haverá um largo passeio, sombreado por picus [SIC] Benjamin[18], podados em formato quadrado.
A parte esquerda da praça (em frente à Secretaria de Agricultura) terá um admirável tanque, já quase concluído, apresentando a forma de um vaso florido por plantas aquáticas.
No lado oposto, serão construídos grandes gramados e largos passeios ladeados por canteiros de flores e uma bela fonte artística.
Na praça que fica em volta do coreto, serão colocados bancos para os dias de música.
A parte direita da praça terá numerosos canteiros, onde serão plantadas sementes de roseiras de todas as classes. Haverá também um largo passeio do centro desta parte do jardim ao largo construído na extremidade e circundado por uma cerca viva de canteiros retangulares, no estilo rosal francês.
O jardim de frente do Palácio será ornamentado por plantas baixas para não prejudicar a arquitetura, havendo nas viradas dos gramados uma cerca viva de azaléas.
O parque interior será construído em estilo rosal francês, com uma rica coleção das melhores roseiras, vendo-se ao centro um tanque enfeitado por lâmpadas elétricas.
O rosal será circundado por uma cerca de palmeiras”. [19]
A importância do presente documento não se limita apenas ao fato de tratar-se de uma descrição minuciosa das atividades a serem implementadas em um projeto paisagístico de reforma da Praça da Liberdade em sua totalidade. Como foi dito anteriormente, esta reforma é considerada um marco na medida em que foram realizadas transformações profundas no desenho da Praça, aproximando-a do seu formato atual. Isso se deveu, em boa medida, através da incorporação da via central que a atravessava - um prolongamento da Avenida João Pinheiro, que até aquele momento estivera aberta ao trânsito de automóveis e seria, a partir da reforma, incorporada à paisagem interna da Praça.
Para os propósitos específicos do presente relatório, o projeto de jardinagem da Praça naquele ano ganha vulto pelo que foi destacado no texto: a informação de que o parque interior projetado para a Praça continha em seu centro “um tanque enfeitado por lâmpadas elétricas”. Pode-se deduzir que, já naquela reforma - e, pontualmente, em seu projeto paisagístico - houve uma preocupação estética a ser estabelecida com o diálogo entre jardim e iluminação elétrica.



VI - Desenvolvimento industrial e Iluminação dos espaços públicos

                Uma questão histórica central para o objetivo de análise e apreciação que estamos tratando diz respeito às alterações ocorridas também – e, neste caso, principalmente – na esfera da iluminação elétrica voltada para o espaço público. Em se tratando da realidade brasileira, podemos destacar como marco de um novo procedimento em relação a este campo uma conjuntura econômica interna diretamente ligada ao desenvolvimento da indústria automobilística no país e o aumento no consumo de veículos por parte da população brasileira. Este processo começa a se estruturar durante a década de 1960.
“Esteticamente, a iluminação noturna da maior parte de nossas cidades é incoerente e incompleta e é bom se perguntar como esta situação aconteceu. Sem dúvida, ocorreu desde que o trânsito de veículos aumentou na década de 1960 e o entorno sofreu com o incremento e o desenho da iluminação, que não tinha uma preocupação nem com efeitos estéticos nem com os componentes do espaço urbano que também iluminava. O resultado foi uma iluminação uniforme (para os usuários dos veículos) e pouco refinada, com problemas de poluição luminosa e sombras indesejáveis projetadas sobre as calçadas (péssimo para pedestres e a edificação circundante). Pela sua vez, a iluminação artificial dos edifícios (dominantes da época, as famosas torres de vidro) que escapa pelas suas aberturas cria conflito, também, no espaço urbano com a iluminação pública e com os componentes do próprio recinto, além de significar desperdício energético”.
Em âmbito local, esse quadro associado ao desenvolvimento específico do setor industrial mineiro como um todo pode esclarecer sobre os fundamentos e as bases em que se lançaram as novas dinâmicas econômicas do setor.  Isso porque, no decênio anterior (1950), o estado de Minas Gerais buscou uma solução para dois impasses em relação à sua autonomia histórica na industrialização. A ausência de uma base energética até aquele momento encontrou na criação da CEMIG – Centrais Elétricas de Minas Gerais a direção necessária para fazer frente às regras impostas ao setor pelo capital estrangeiro monopolista. Por seu turno, ampliaram-se os investimentos em rodovias no estado através do DER – Departamento de Estradas e Rodagens, estimulando o surgimento e crescimento das nascentes construtoras locais.

VII - Considerações Finais

Na abertura do presente Relatório Histórico é posto como ponto de partida norteador da atuação de execução do presente projeto o reconhecimento da heterogeneidade do objeto contemplado. Em outras palavras, afirma-se o tratamento dialógico entre os saberes postos em ação como estratégia que respeite uma intervenção que visa melhorias.  Tentou-se trilhar um percurso histórico sobre o mesmo, em que se esboçassem alguns níveis de complexidade que o caracteriza em suas relações internas e entre os diversos setores que demanda. O olhar, esta palavra-chave quando o assunto é iluminação, que recorre às diversas perspectivas de abordagem do seu objeto – utilizando-se de ferramentas técnicas e sensibilidade - e dedica-se com atenção às leituras possíveis projetadas por experiência central da cultura de um povo, de um país, de uma cidade, encontra ecos no pensamento recente:
 “Quando se fala dos planos a serem iluminados no recinto urbano e se incluem, além dos horizontais os planos verticais, aparece o conflito de projeto porque é tratado, geralmente, de forma separada. Esse problema não tem solução, a menos que se projete uma nova linguagem integrada de iluminação, que seja flexível o suficiente para amalgamar a condição horizontal inerente da iluminação do trânsito veicular com as considerações relativas aos planos verticais ditadas pela natureza do espaço urbano e pela sua arquitetura , que produzem sensações espaciais diferentes tanto durante o dia como à noite e que fazem que a cidade seja reconhecível”. [20]
É esta consciência dos diversos patamares de equilíbrio do olhar sobre o objeto em foco que respalda as convicções profissionais com as quais os responsáveis pela intervenção técnica colocarão em prática o Projeto Executivo para Iluminação Urbana do Conjunto Arquitetônico e Paisagístico da Praça da Liberdade.

Fontes Consultadas
BARRETO, Abílio. Belo Horizonte, memória histórica e descritiva – história antiga. Belo Horizonte: Fundação João Pinheiro, Centro de Estudos Históricos e Culturais, 1995. 
“Breve informe sobre o CONJUNTO URBANO PRAÇA DA LIBERDADE – AVENIDA JOÃO PINHEIRO E ADJACÊNCIAS – Breve Histórico”. Fundação Municipal de Cultura. Processo Tombamento PRAÇA, 1994
LEMOS, Celina B. “Construção simbólica dos espaços da cidade”. In: MONTE-MOR, R.L.M ET all. Belo Horizonte: espaços e tempos em construção. Belo Horizonte: CEDEPLAR/PBH,1994.p30-1.
Mascaró, Lúcia. Arquitextos, 063.08, ano 06, set. de 2005. Disponível em http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/06.063/438



[1] (MASCARÓ, 2005).
[2] (MONTE-MÓR, 1994)
[3] (LEMOS, 1994).
[4] (BARRETO, 1995).  Citado em “Breve informe sobre o CONJUNTO URBANO PRAÇA DA LIBERDADE – AVENIDA JOÃO PINHEIRO E ADJACÊNCIAS – Breve Histórico”. Fundação Municipal de Cultura. Processo Tombamento PRAÇA, 1994.
[5]Caracterização geral do conjunto urbano da praça da liberdade e adjacências”. In: Praça da Liberdade Praxis. Documento eletrônico disponibilizado pela Fundação Municipal de Cultura, s/p. e s/d. (grifo meu).
[6] OLIVEIRA, Gabriela Dias de. “A construção do lugar e da memória: a Praça da Liberdade e o seu prédio rosa”. Texto disponível em http://www.mmm.org.br/index.php?p=8&c=152&pa=pf&pf=1
[7] Idem.
[8] (ALENCAR ARRAIS,
[9] ALENCAR ARRAIS,
[10] Esta reflexão foi desenvolvida pelo mesmo historiador Cristiano Alencar Arrais em outro texto, Intitulado “Belo Horizonte, a La Plata brasileira: entre a política e o urbanismo moderno”, onde faz um estudo comparativo entre duas experiências de cidades surgidas em fins do século XIX: Belo Horizonte e La Plata, capital da província de Buenos Aires. Texto publicado Revista UFG/ Junho de 2009/ Ano XI nº6. 
[11] SOLICITAÇÃO de vinte e nove republicanos, pedindo a mudança do nome da Avenida Liberdade para Marechal Floriano Peixoto 28 jun. citado por ARRAIS1897.Diálogos, DHI/PPH/UEM, v. 14, n. 3, p. 579-603, 2010.
[12] CALDEIRA, Júnia M. “PRAÇA DA LIBERDADE: trajetória de um território urbano”. Texto e reflexão apresentados na SESSÃO TEMÁTICA 3: PROJETOS E INTERVENÇÕES URBANISTICAS LUGARES URBANOS: PROJETOS E REFORMAS. COORDENADOR: PAULO BRUNA (FAU-USP). V SEMINÁRIO DE HISTÓRIA DA CIDADE E DO URBANISMO “Cidades: temporalidades em confronto” - Uma perspectiva comparada da história da cidade, do projeto urbanístico e da forma urbana. Faculdade de Arquitetura e Urbanismo. PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE CAMPINAS. Campinas, 1998. As informações sobre as mudanças ocorridas nas décadas de 20 e 40 foram extraídas deste documento.
[13] PROJETO DE ILUMINAÇÃO DO COMPLEXO CULTURAL PRAÇA DA LIBERDADE - Relatório Inicial (Preliminar). Belo Horizonte, 12/02/2014
[14] GROSSI, Yonne de S. “Belo Horizonte: qual polis?” In: Cad. hist., Belo Horizonte, v. 2, n. 3, p. 12-24, out. 1997.
[15] “Conjunto Urbanístico Pça da Liberdade e Avenida João Pinheiro”. Código 59001007. Patrimônio Histórico – Preservação/Tombamento. Processo Tipo 01 Número 059227 Ex 9,5 DV 6,9. Secretaria Municipal de Cultura. 06/07/95.
[16] Idem, s/p.
[17] Correspondência/Proposição. Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas Gerais, IEPHA/MG, Processo de Tombamento Palácio da Liberdade. 1974.

[18] Possivelmente trata-se do Ficus Benjamina, mesma árvore que fora plantada na Avenida Afonso Pena no início do século XX e retiradas no início da década de 1960.
[19] Reprodução do jornal Minas Gerais de 4ª-feira – 4.8.1920 pg. 5  4ª. Coluna. In: PTE010 – Documento eletrônico relativo ao Processo de Tombamento da Praça da Liberdade, IEPHA/MG, 1977, p.23. (grifo meu)
[20] (MASCARÓ,  2005 )