As primeiras manifestações carnavalescas do século XX no estado do Maranhão traziam blocos cujos repertórios musicais se limitavam a sambas que eram sucessos de compositores do Rio de Janeiro. A estrutura instrumental rítmica de então era composta de violões, cavaquinhos, flautas, tamborins e pandeiros. Aos poucos foram surgindo composições de autoria dos próprios componentes das agremiações locais e, em meados da década de 1930, foi criado um novo instrumento de percussão que viria inovar o tipo de música apresentada no carnaval de São Luís: o “tambor de ritmo”. Consistindo de caixas em forma de tubos de madeira e embalagem de folha de flandre (àquela época, vendidas nos armazéns da Praia Grande), essas caixas eram recobertas, nas extremidades, com couro de cobra ou de cabra e criavam um som diferente do que se ouvia em acompanhamentos das marchas tradicionais. Em São Luis, essa inovação foi introduzida pelos blocos Coringas, Vira-Lata, Oba-Oba, Sentenciados, Legionários e Pif-Paf. Surgidos nessa época como um prolongamento e evolução de antigas manifestações populares como a Chegança, o Fandango e a Caninha Verde – todas elas já desaparecidas na região – os blocos eram ligados a clubes sociais, representativos de bairros ou atividades profissionais. Normalmente eram compostos por integrantes da classe média (bancários, comerciantes, estudantes, funcionários públicos), diferentemente das Batucadas ou Turmas existentes nos subúrbios. As Batucadas ou Turmas, como a Turma da Mangueira e a Turma do Quinto, foram as antecessoras das hoje denominadas Escolas de Samba de São Luis.
Assim nos informa Valdelino Cécio, em texto de apresentação do CD “Carnaval dos Bons Tempos”, que contou com pesquisa e documentação do historiador, folclorista e compositor maranhense Carlos de Lima e é uma ótima opção para se conhecer melhor algumas músicas dos antigos blocos do carnaval maranhense, em novas gravações. O disco foi produzido pela Fundação Cultural do Maranhão no ano de 2000.
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