(por Magno Córdova)
Fala visceral, palavra, é da beira o
batismo da esfera que tudo aqui abarca.
“Vamos dar volta por cima
Volta e meia vamos dar”
Coco De Roda (Foto: Acervo História de Alagoas)
Distante, mas a caminho do mar, a perspectiva é ribeirinha, da beirada de um que nele deságua.
“Agora eu vou mudar a rima vou diluir meu verso”
De mamona, de piaba, do ingá e do
umbu, traz cheiro de terra da ladeira que sobe pra praça, do pé que marca no
chão, que vai pra rua do mercado. Prenúncio que dá no pau e no couro do tempo.
“Pra segurar o tombo nego tem que ser
ligeiro”
Junção diversa sem que os amparos
evocados sejam correlatos. Surgem sem cronicidade ou ordem de aparição, sem
prioridade uns sobre os outros.
“O mar não tá pra peixe puxa a loa eu
te peço”
Coerência incomum o que a costura
neles inscrita projeta de sentido vívido ao alcance do presente.
“A dança do dia a dia é osso duro,
meu irmão”
A força do elemento evocado por si só
alcança uma personalidade combativa que antes não possuía, adotando pra si um
sentido coletivo que impregna o caráter lúdico espontâneo de sua origem.
“Dança, dança cirandeira pra canoa
não virar”
O timbre, a pele preta, o requebro e
o gingado, o compasso, a força descomunal parida da suposta fragilidade de
brincadeira de roda pelas ruas da cidade que ficou pra trás... A semente do
chocalho, o apito, a bola e o sopro no bucal... tudo. Até a rodagem.
“Não temer o tempo ruim, ter alma de
guerreiro”
Como se o elétrico da roupa sonora
apenas ecoasse por aquisição o tambor do universo de seres similares que na
memória do corpo - e da própria canção – habitam, aquáticos.
“Se quiser cantar comigo fique atento fique esperto pro refrão”
Faz crer-se apagar tudo aquilo que
não presta, cantada em coro por aqueles que assim a vislumbram.
Lá vem a onda
(Escurinho e Alex Madureira)
A onda quebra lá em Paraíba
Dança ciranda na beira do mar
O vento sopra os cabelos da morena
Brilhando na luz do luar
Estrela do mar vem mais eu
Vamos dançar cirandá
Vamos dançar cirandá
Brincar ao redor da fogueira
Se embalando pra lá e pra cá.
Ô, ô, ô, ô.
Ô, ô, ô, ô
Ô, ô, ô, ô
Agora eu vou mudar a rima vou diluir meu verso
Se quiser cantar comigo fique atento fique esperto pro refrão
A dança do dia a dia é osso duro meu irmão
No balanço dessa onda nessa praia eu te confesso
O mar não tá pra peixe puxa a loa que eu te peço
Dança, dança cirandeira pra canoa não virar
Lá vem a onda quebrando na batida do ganzá
Pra segurar o tombo nego tem que ser ligeiro
Não temer o tempo ruim, ter alma de guerreiro
Brincar no nevoeiro até o dia clarear
Ciranda cirandinha
Vamos todos cirandar
Vamos dar volta por cima
Volta e meia vamos dar
Ô, ô, ô, ô.
Ô, ô, ô,
Ô, ô, ô, ô
Nenhum comentário:
Postar um comentário