(por Magno Córdova)
Em 1937, chegou ao Brasil o alemão Hans Joachim Koellreuter. Atuando como professor e compositor na Europa, Koellreuter introduziu o vetor da modernidade musical no Brasil a partir das concepções atonais dodecafônicas. O dodecafonismo é um sistema de composição musical criado pelo austríaco Arnold Schoenberg e se baseia no livre emprego dos doze semitons da escala temperada (Dó – Dó sustenido – Ré – Ré sustenido – Mi –Fá, etc.). À frente do grupo-revista Música Viva, Koellreuter tornou-se o representante de um projeto de vanguarda musical no Brasil que incomodou a hegemonia do discurso nacionalista. Em 1950, importunado com a linha de trabalho trazida pelo alemão, o compositor nacionalista Camargo Guarnieri tornou público, no Jornal “O Estado de São Paulo”, um documento sob o título “Carta aberta aos músicos e críticos do Brasil”, onde combate a postura atonal da dita vanguarda.
A influência de Koellreuter se fez sentir na obra de vários músicos brasileiros do período: Guerra Peixe e Cláudio Santoro se formaram sob a orientação do professor alemão. Tom Jobim foi seu aluno.
Em 1960, emergiu o grupo paulista de vanguarda que deu uma formulação teórica mais consistente ao projeto iniciado com Koellreuter. Fizeram parte desse grupo os compositores Gilberto Mendes, Rogério Duprat, Willy Corrêa de Oliveira, Damiano Cozzela e Júlio Medáglia. Esses músicos encontraram apoio tanto nas teorias da poesia concreta dos irmãos Campos e de Décio Pignatari quanto na Orquestra de Câmara de São Paulo, dirigida por Olivier Toni. A incursão de alguns desses compositores, na segunda metade da década de 1960, entre os músicos populares e a indústria cultural será notável: Rogério Duprat e Júlio Medáglia estiveram entre os arranjadores de vários dos primeiros discos do grupo baiano que tomou a frente do movimento da Tropicália.
(Documentário "Koellrether e a música invisível", da Série Documenta Vídeo Brasil. Direção: Cacá Vicalvo. Roteiro e Edição: Luiz Fernando Ramos. Realização STB Rede SescSenac de Televisão. documentario@redestb.com.br - extraído do Youtube).
Sugestão de leitura: “O modernismo e a música”, de José Miguel Wisnik, incluído em Sete ensaios sobre o modernismo, de vários autores, publicado pela FUNARTE/Instituto Nacional de Artes Plásticas, em 1983.
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