(por Magno Córdova)
A primeira vez que vi Vander Lee no palco ele ainda era Vanderli Natureza. Seu nome assim grafado já era do meu conhecimento através de cartazes anunciando uma ou outra apresentação em bares e espaços mais alternativos de BH em fins dos anos 80.
Em 1990, se não me engano, fui convidado para ser jurado no Festival da Canção de Abre Campo, cidade mineira da Zona da Mata, situada a aproximados 200 km da capital. A desenvoltura com que Vanderli subiu ao palco e o belo número por ele defendido não me deixaram dúvidas de que ali havia um forte candidato ao primeiro prêmio daquele concurso.
Vanderli não venceu o festival, ficou com o segundo ou terceiro lugares o que, de certa forma, me decepcionou, dentre os demais companheiros do juri que optaram por outros candidatos. Chamo atenção para o fato de que havia gente muito boa concorrendo, inclusive um compositor que além de muito talentoso era meu amigo pessoal. No entanto, era indiscutível a superioridade do conjunto entre texto, melodia e desempenho demonstrados por Vanderli.
Ao longo da década de 90, sempre que me deparava com o nome dele - grafado ou não como daquela primeira forma - ficava atento, na expectativa de coisa boa de se ouvir. Não me decepcionei.
A consolidação veio com "No balanço do balaio", de 1997, colocando-o em definitivo dentre o que de melhor estava acontecendo na cena musical local.
Ficou, mais ou menos desse período de passagem de séculos, um registro que creio ter sido aquele que reafirmou seu ingresso para fora dos limites do território de seu estado natal: em seu terceiro disco, "Comigo", gravado em 2001, a maranhense Rita Ribeiro registrou duas canções de Vander Lee: "Românticos" e a que se segue, "Contra o tempo", que não parou de soar em meus ouvidos nos anos subsequentes ao seu lançamento e de minha saída do território mineiro.
Era, mais uma vez, Minas redimensionada no território brasileiro - neste caso, sob a batuta de uma ginga maranhense - que eu precisava levar comigo.
Até que ele ganhasse visibilidade com sua própria voz por todo canto, o que não tardou a acontecer.
Corro contra o tempo pra te ver
Eu vivo louco por querer você
ÔÔ, morro de saudade a culpa é sua
Eu vivo louco por querer você
ÔÔ, morro de saudade a culpa é sua
Bares, ruas, estradas, desertos, luas
Que atravesso em noites nuas
ÔÔ, só me levam pra onde está você
Que atravesso em noites nuas
ÔÔ, só me levam pra onde está você
O vento que sopra meu rosto cega
Só o seu calor me leva
ÔÔ, de uma estrela pra lembrança sua
Só o seu calor me leva
ÔÔ, de uma estrela pra lembrança sua
O que sou, onde vou, tudo em vão
Tempo de silêncio e solidão
Tempo de silêncio e solidão
O mundo gira sempre em seu sentido
E tem a cor do seu vestido azul
ÔÔ, todo acaso finda em seu sorriso nu
E tem a cor do seu vestido azul
ÔÔ, todo acaso finda em seu sorriso nu
Na madrugada uma balada soul
Um som assim meio rock n' roll
ÔÔ, só me serve pra lembrar você
Qualquer canção que eu faça tem sua cara
Um som assim meio rock n' roll
ÔÔ, só me serve pra lembrar você
Qualquer canção que eu faça tem sua cara
Rima rica, jóia rara
ÔÔ, tempestade louca no Saara
ÔÔ, tempestade louca no Saara
O que sou, onde vou, tudo em vão
Tempo de silêncio e solidão
Tempo de silêncio e solidão
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