(por Magno Córdova)
...porque elas chegam a mim e me tomam de assalto.
Não sou de reagir a assaltos. Muito menos desse tipo. Até mesmo porque, a experiência tem mostrado que os
desdobramentos dessas situações de escuta tendem a me convencer de que sigo por
um rumo certo. Não o único, claro, mas certo caminho. Certo no sentido de que a
canção passa de uma possibilidade de saber disponível, inerente na origem de
tudo, para uma condição cada vez mais pertinente e desejável de instrumento que
altera rotas, preenche vazios, revolve certezas e consolida convicções.
Por isso essa fala conduzida, conduzida consciente e que se faz e se quer crítica. Que faz dar o salto de ida, feito a língua que um almeja, e o de volta, feita a mulher do outro, que coincidem em mim, em um reconhecimento de paternidade/maternidade (ou seria fraternidade?) - dentre inumeráveis - que não há de se negar e que, por si, se justifica.
Não falo inglês nem francês; não falo bizantino nem hebraico. Falo esse canto que, no muito, é esperanto quase esperança, que não perde extensões de sua latitude, por ser uma fala que, aparentemente unívoca, abrange sem se querer totalista, porque inesgotável.
Por isso essa fala conduzida, conduzida consciente e que se faz e se quer crítica. Que faz dar o salto de ida, feito a língua que um almeja, e o de volta, feita a mulher do outro, que coincidem em mim, em um reconhecimento de paternidade/maternidade (ou seria fraternidade?) - dentre inumeráveis - que não há de se negar e que, por si, se justifica.
Não falo inglês nem francês; não falo bizantino nem hebraico. Falo esse canto que, no muito, é esperanto quase esperança, que não perde extensões de sua latitude, por ser uma fala que, aparentemente unívoca, abrange sem se querer totalista, porque inesgotável.
Aciono música, canções, e não penso numa existência que não seja assim, com cada um buscando sentido e autonomia para escolher o instrumento que lhe apetece. Canção também pode ter esse papel, esse significado.
Escolho música! E reagir a seus assaltos seria negar o que sempre esteve e que se afirmou como opção. Se assim fosse, com resistência, estaria a negar a própria natureza e a minha inserção nela, natureza.
Seria, assim, diga-se, uma etnia comum, na sola do pé descalço seu pigmento matriz. Chão.
Seria, assim, diga-se, uma etnia comum, na sola do pé descalço seu pigmento matriz. Chão.
Opto por música, por canções, como decisão particular que redimensiona o corpo, que o coloca no mundo. Abriga, assim, uma dupla função: a canção permite percorrer o lugar que povoo e que também é o lugar onde o outro habita. Daí que desponta sua dimensão coletiva. Sou uma isca cada vez mais fácil e, a cada escuta, mais exigente neste campo.
Exijo canções e música e texto e poesia e sou eu que decido o que fazer com eles e com elas e por eles e por elas.
Leio o mundo como um repertório que encontra na palavra, soprada por qualquer sopro, um vento vindo do itinerário do peito, do profundo mistério, um bom veículo.
E embarco.
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