terça-feira, 28 de agosto de 2012

João Pernambuco



      A música “Sons de carrilhões” é considerada a obra mais conhecida para violão realizada no Brasil. O ano de sua autoria é desconhecido. Seu autor: João Teixeira Guimarães, o João Pernambuco. 

No vídeo, "Sons de Carrilhões" por Daniel Christófaro (violão) e Guilherme Pimenta (violino).
(Vídeo retirado do Youtube)

          João Pernambuco era analfabeto. Nasceu quando o Brasil ainda era império, em 1883, numa cidade do sertão pernambucano chamada Jatobá do Brejo, cabeceira do rio Capibaribe. Órfão de pai muito cedo, trabalhou nas oficinas de carro de boi da sua cidade natal. Dos dois casamentos de sua mãe nasceram 21 filhos. 
        Quando tinha 12 anos, João foi com a família para Recife. Fazia biscates nas feiras da capital, onde acompanhou com atenção os cantadores e violeiros que ali se apresentavam. Adquiriu sua primeira viola no mercado municipal - viola que tinha pertencido àquele que viria a ser seu mestre: Cirino da Guajurema. Dividindo o tempo entre a viola e o trabalho que arranjou como aprendiz de ferreiro, João ficou em Pernambuco até os vinte e um anos de idade. Já era conhecido nas rodas de cantadores do Recife e dominava bem o ofício de desempenar eixos de carros de boi quando partiu para o Rio de Janeiro. 
        Após ter residido um período na casa de um dos irmãos, mudou-se para uma república habitada por estudantes, jogadores de futebol e músicos. Ali moravam os sambistas Donga e Pixinguinha. Em pouco tempo, João organizou o grupo Caxangá, muito popular nos carnavais cariocas da década de 1910 e que chegou a contar com 32 integrantes. João trabalhava em uma fundição e se destacava como ótimo compositor e instrumentista nas reuniões que participava se acompanhando ao violão ou à viola. Durante dois anos se apresentou como componente do famoso grupo “Os Oito Batutas”, liderado por Pixinguinha. João Pernambuco é autor de vários outros temas que se tornaram sucesso entre público, músicos populares ou eruditos. Dentre eles, “Luar do Sertão” que recebeu letra de Catulo da Paixão Cearense. 
          O “Poeta do Violão”, como ficou conhecido, faleceu em 16 de outubro de 1947.

 Aqui, foto clássica dos Oito Batutas: João Pernambuco segura o violão, no meio dos que estão sentados. 

Para se conhecer melhor a obra de João Pernambuco, uma sugestão é o disco dedicado ao compositor, lançado em 1983 pela FUNARTE, com interpretação de Antônio Adolfo e o grupo “Nó em Pingo D’água”.     

domingo, 26 de agosto de 2012

Clodo Ferreira



por Magno Córdova


Assim como o texto sobre a cantora Terezinha de Jesus, aqui postado, o material a seguir representa o documento que produzi e enviei para o ICCA - Instituto Cultural Cravo Albin, relativo ao compositor Clodo Ferreira. Também neste caso, o verbete pode ser conferido na página do Dicionário Cravo Albin de Música Popular Brasileira. 





          Clodomir Souza Ferreira nasceu em Teresina, capital do estado do Piauí, no dia 30 de julho de 1951. Passou a infância junto aos pais e irmãos, em Teresina. No início da década de 60, tinha por intuito se ordenar e passou a freqüentar o seminário local. Transcorridos dois anos na condição de seminarista, um episódio veio alterar o rumo de sua vida.
A passagem dos anos 50 para os 60 no país foi marcada pela transferência da capital da República, da cidade do Rio de Janeiro para a cidade de Brasília. A nova capital representou para muitos trabalhadores brasileiros e, particularmente, para as populações do norte/nordeste do país, uma perspectiva de melhoria na qualidade de suas vidas. Muitos foram os que migraram para a recém-construída cidade e seus arredores. No caso da família Souza Ferreira, deslocaram-se para o Planalto Central - a partir de 1962 - os dois filhos mais velhos: Climério e Clésio. Em 1965, o Sr. Matias Ferreira decidiu-se por residir também na capital, levando consigo esposa e demais filhos. Instalou moradia em Taguatinga, cidade satélite do Distrito Federal.
Se ainda em Teresina Clodo aprendeu seus primeiros acordes ao violão, foi na nova cidade que ele intensificou sua relação com a música. Em Taguatinga, a proximidade com os irmãos mais velhos, já iniciados nos caminhos da canção popular e com os quais já havia aprendido a tocar “olhando”, foi um incentivo para que se dedicasse mais à arte de tocar, cantar e compor. Por volta dos quinze anos, passou a fazer suas próprias canções e em parceria com Climério e Clésio. Juntou-se à amiga Ana Silva, formando uma dupla que por algum tempo se apresentou interpretando um repertório pautado no que faziam Leno e Lílian: típico da Jovem Guarda, tendência musical que àquele momento se encontrava no auge do sucesso entre uma parcela do público jovem. Participou, como contra-baixista, do conjunto local Os Geniais. Chegou a assumiu a guitarra base do grupo Os Continentais, que depois veio a se chamar os Quadradões, embrião do futuro grupo Placa Luminosa. Em 1968, Os Quadradões gravaram, em seu LP de estréia, a canção intitulada “Ao entardecer”, parceria com Clésio e a primeira música de Clodo gravada em disco. Passou a ser freqüente, àquela época, a apresentação em dupla com a irmã Cristina cantando em festas familiares e de amigos.
Com a mudança da família para o Plano Piloto da capital federal ocorreu um importante encontro que marcaria a experiência artística de Clodo, fora do seio familiar. Em 1969, ele conheceu o compositor baiano, de Bom Jesus da Lapa – também residente em Brasília -, Zeca Bahia. Zeca se tornou um de seus parceiros mais freqüentes nos dez anos que se seguiram. Após um convívio inicial de maturação musical, Clodo e seu novo parceiro inscreveram algumas composições no festival de música do CEUB – Centro de Ensino Unificado de Brasília. Naquela edição de 1972, as músicas de Clodo e Zeca levaram os principais prêmios do festival: o primeiro lugar ficou com a canção “Placa Luminosa” (Clodo e Zeca) e o segundo lugar com “Sino, sinal aberto” (Clodo). Ambas foram interpretadas pelo grupo Matuskelas que já havia gravado no ano anterior a música “Suzana” - parceria de Clodo, Romildo e Olímpio. Além dos dois primeiros lugares, o Matuskelas levou os prêmios de melhor arranjo e de melhor interpretação.Um outro dado relevante para a carreira de Clodo também ocorreu durante aquele evento: participava do corpo de jurados o jovem compositor cearense Raimundo Fagner – vencedor da edição anterior do mesmo festival com a música “Mucuripe”. Fagner quis conhecer pessoalmente os autores das canções premiadas naquele ano. Desse encontro nasceria uma amizade cujo diálogo musical daria bons frutos para ambos.
O festival de 1972 projetou o nome de Clodo Ferreira no Distrito Federal e o estimulou a buscar novas possibilidades de criação e divulgação de sua arte fora daquele território.
Em 1974, gravou pela primeira vez em disco cantando no compacto simples independente Chope no Escuro, junto com Climério e Malu Moraes, e com a participação especial do violonista Alemão. O compacto foi uma produção do grupo de Teatro Tanahora, dirigido por Geraldo Moraes, e trouxe duas músicas - das quatro gravadas - assinadas por Clodo: “Ave estrangeira” (em parceria com Climério) e “Rua São João”. No disco, Clodo interpretou “Ave estrangeira”.
 Terminado o curso de jornalismo e publicidade, feito na Universidade de Brasília – UnB, em 1975 Clodo foi morar na cidade de São Paulo. Na capital paulista, hospedou-se em casa dos músicos cearenses Rodger Rogério e Teti, representantes do grupo que ficou conhecido como “Pessoal do Ceará”. O casal acolheu Clodo durante aproximadamente dois anos, período decisivo para a consolidação do seu trabalho entre seus pares e o público. Nessa fase, compôs várias canções em parceria com Rodger das quais a que mais se destacou foi “Ponta do Lápis”. Clodo retomara, à época, o contato com Fagner, que em duo com Ney Matogrosso registrou “Ponta do Lápis” de forma marcante, lançando-a em disco compacto de vinil no ano de 1976. Fagner já havia “musicado” um poema de Clodo e a canção resultante foi incluída no repertório do terceiro LP de sua carreira, intitulado Raimundo Fagner e levado às lojas também em 1976: “Corda de aço” é uma dessas canções consideradas como das mais expressivas do momento, por possuir os traços de agressividade e lirismo tidos como típicos dos intérpretes e compositores daquela geração de artistas nascidos no Nordeste e revelados então.
A presença de Clodo em São Paulo trouxe uma nova e surpreendente perspectiva de trabalho onde se veriam consolidadas a trajetória conjunta e a reunião profissional dos irmãos Ferreira. A rede de TV Bandeirantes possuía, na época, um programa chamado Mambembe, a vez dos novos. Em 1976, Clodo participou desse programa ao lado de diversos artistas, dentre os quais estavam seus irmãos Climério e Clésio. Como, naquela ocasião, os três revezavam-se no acompanhamento instrumental sem sair do palco à medida que cada um expunha seu trabalho, o produtor do programa entendeu que formavam um trio: Clodo, Climério e Clésio. Assim passaram a ser tratados e assim passaram a se apresentar.
No ano seguinte Clodo retornou a Brasília e, juntamente com Climério e Clésio, inaugurou a carreira fonográfica do trio com o lançamento de São Piauí, disco gravado pela RCA. Esse trabalho foi produzido pelo compositor cearense Ednardo e trouxe as participações de artistas como Robertinho de Recife, Heraldo do Monte, Amelinha e Roberto Sion. A capa do disco foi idealizada pelo arquiteto e compositor Fausto Nilo. O alcance e repercussão obtidos por uma faixa do São Piauí imprimiram o nome de Clodo no cenário popular da música brasileira: além da versão presente no disco, a música “Cebola Cortada” – parceria com o também cearense Petrúcio Maia - foi lançada simultaneamente por Fagner no seu LP Orós, de 1977. Posteriormente, incorporou-se ao repertório do grupo MPB-4 (LP Bons tempos, hein?, de 1979) e ao do baiano Carlos Pita (LP Coração de Índio, de 1981 – Continental), assim como recebeu registro do próprio Petrúcio Maia (LP Melhor que mato verde, de 1980 – CBS). Foi também em 77 que se deu a inclusão da música intitulada “Velho demais” (Clodo e Zeca Bahia) na trilha sonora da novela da Rede Globo de Televisão Sem lenço Sem documento, em gravação do grupo Placa Luminosa.
No entanto, o nome de Clodo passou a ser conhecido em âmbito nacional a partir do ano de 1978. A parceria com Clésio na música “Revelação” impulsionou a carreira de Raimundo Fagner, contribuindo para alçá-la a uma condição de maior destaque na música popular brasileira. “Revelação” ficou entre as músicas mais tocadas nas emissoras de rádio de todo o país nos dois anos que se seguiram ao seu lançamento, atuando como carro-chefe do disco Eu canto – Quem viver chorará e conduzindo-o a índices de vendagem até então não alcançados por Fagner. Além da divulgação através do disco, a música foi incluída como tema da novela “Cara a Cara”, exibida pela TV Bandeirantes, em 1979. A trajetória de “Revelação” na história recente da música popular brasileira é bastante curiosa. Inicialmente celebrada por um público muito específico, ganhou leituras de artistas de gêneros e tendências os mais diversos como as cantoras Simone e Mariama, os grupos Razão Brasileira e Engenheiros do Hawaii, e o cantor Wando.
79 foi um ano de inúmeras gravações da obra do compositor. Naquele ano, Clodo entrou novamente em estúdio para gravar o segundo disco com Climério e Clésio: dessa vez pelo selo Epic da gravadora CBS, cuja direção artística estava sob o comando de Fagner. O LP se chamou Chapada do Corisco (título de uma das faixas, assinada por Clodo e Climério) e contou com a participação dos músicos Manassés, Abel Ferreira, Dino das 7 Cordas, Dominguinhos e o próprio Fagner, dentre outros. Nesse disco gravaram “Revelação”. Também aqui a capa do LP foi criada por Fausto Nilo, dessa vez juntamente com Januário Garcia. O contato com Dominguinhos a partir de Chapada do Corisco proporcionou a Clodo a cristalização de uma nova parceria: a paraense Fafá de Belém foi das primeiras intérpretes a gravar uma composição dos dois, incluindo a canção intitulada “Carece de explicação” em seu LP Estrela Radiante (Phillips, 1979). Paralelamente, outra música de Clodo era gravada por Fagner em seu disco Beleza (CBS, 1979): “Ave coração”, na qual Zeca Bahia foi co-autor. Também chegou às lojas o disco Estrela ferrada (CBS, 1979), de Cirino, contendo “Tu me querias pedra”, parceria desse compositor com Clodo. Ao mesmo tempo, aquele foi o ano do lançamento do disco SORO (CBS/EPIC, 1979), projeto que teve a direção artística de Fagner e coordenação de Ivair Vila Real. Acompanhava o disco um libreto com textos e fotos impressos de vários autores, dentre os quais estava Clodo com seu poema “Eu matuto, Tu matutas”. Merece registro a gravação do disco Equatorial de Teti, em 79, com as músicas “Barco de Cristal” (Roger, Clodo e Fausto Nilo), “Daniela” (Roger e Clodo), “Maracá" (Roger e Clodo) e “Último raio de sol” (Roger, Clodo e Fausto Nilo).
“Ave coração” entrou no repertório do terceiro disco de Clodo, Climério e Clésio, que levou o título Ferreira (RCA, 1981). A idealização desse projeto ficou a cargo de Fagner e quem assumiu a direção de estúdio foi Dominguinhos. A canção do LP Ferreira intitulada “Por um triz” merece destaque por ter sido incluída no disco Romance popular, de Nara Leão, lançado em 1981. Essa canção estreitou os laços de amizade entre Nara e os irmãos Ferreira a ponto de motivá-la a compor a única música de sua autoria. Juntamente com Fausto Nilo e Fagner ela homenageou Climério, Clésio e Clodo com a música “Cli, Clê, Clô”, presente nesse seu trabalho. Na mesma época se deu a primeira gravação da canção “Meio Dia” (Clodo e Fagner), integrando o LP Um minuto além (Polygram, 1981), de Zizi Possi.
No decorrer da década de 80, Clodo, Climério e Clésio mantiveram o ritmo da produção de canções em conjunto, mesmo ficando uma boa temporada sem gravar em nome do trio. No entanto, algumas de suas composições ganharam leituras nas vozes de vários intérpretes. Guadalupe com “Questão de tempo” e “Telhados” no LP Sempre foi bom (RCA, 1982); Fagner com “Intuição” no LP Palavras de amor (CBS, 1983) e “Tiro certeiro” no LP A mesma pessoa (CBS, 1984); Amelinha com “Canção de esquina” no disco que tem seu nome (Continental, 1987.), foram algumas das obras assinadas pelos três que receberam registros no período. O mesmo ocorreu com o trabalho de Clodo em parceria com outros músicos compositores, particularmente Dominguinhos: Ângela Maria gravou “Coberto de razão”, em seu disco Estrela da Canção (EMI, 1982); Guadalupe interpretou “Nas costas do Brasil”, no disco de 82; Cláudia, “Terra batida”, no seu trabalho intitulado Sentimentos (Lupsom, 1986); e “Promessa” foi selecionada para fazer parte do LP Fagner (RCA, 1986). Uma nova experiência na carreira de Clodo, Climério e Clésio sucedeu em 1985 quando o diretor de cinema Geraldo Moraes os convidou para criar um tema que pudesse fazer parte da trilha do seu filme A difícil viagem. Compuseram “Aruanã”.  Em 1988, o antigo parceiro Zeca Bahia lançou o LP independente Estrada das Canções, nele incluindo “Se tens, eu tenho”, de ambos.
E foi pela via do disco independente que Clodo, Climério e Clésio retomaram as atividades de estúdio nos fins dos 80. Em 1989, lançaram o vinil Profissão do Sonho com boa parte do repertório inédito e basicamente utilizando-se da estrutura técnica e profissional oferecida em Brasília. Em Profissão do Sonho incluíram “Aruanã”, do filme A difícil viagem.
Em 91, Clodo foi surpreendido por uma grata notícia: a sua música “Querubim”, feita com Dominguinhos e gravada por este nos anos 80, passou a fazer parte de uma compilação realizada pelo músico e produtor David Byrne para o mercado internacional de discos. Lançada em CD sob o título Forró etc. – Music of the Brazilian nordest (número 3 de uma série conhecida como Brazil Classics), essa coletânea reuniu várias músicas do gênero eternizado por Gonzaga.
Os dois discos seguintes dos Ferreira - Clodo, Climério e Clésio (Som Terra, 1991) e Afinidade (Som Terra, 1993) - mantiveram o caráter mais local que caracteriza o disco independente Profissão do Sonho. A canção “Conterrâneos”, assinada pelos três, contou com a participação de Dominguinhos. Abrindo o lado B do disco de 91, ela foi feita para o filme Conterrâneos velhos de guerra, de Vladimir Carvalho. Das participações que estiveram no Clodo, Climério e Clésio, os Ferreira puderam contar com a contribuição da flauta de Odette Ernest Dias nas faixas “Outra cor” e “Morada”. Quando foi lançado o LP Afinidade, o trio já havia se desfeito. Das músicas não inéditas que levaram a assinatura de Clodo presentes nesse último trabalho conjunto, merece referência a segunda gravação de “Corda de aço”, dezessete anos após seu lançamento por Fagner.
Nos cinco anos que se seguiram, Clodo dedicou mais tempo às suas atividades na UnB como professor - lotado no departamento de Áudio Visual e Publicidade da Faculdade de Comunicação - e como publicitário. A idéia de seguir carreira individual foi sendo amadurecida até que em 98 ele lançou o CD Corda de Aço (UnB Discos, 1998). Corda de Aço foi confeccionado em Brasília e teve a participação especial de Zelito Passos. Com exceção da inédita “Mentira da saudade”, todas as demais faixas desse trabalho representaram novas versões realizadas por Clodo Ferreira para as canções de sua autoria mais conhecidas pelo público. Além da faixa-título, foram incluídas “Revelação”, “Cebola cortada”, “Ave coração”, “Querubim”, “Ponta do Lápis” e outras, na voz do seu autor. “Mentira da saudade” possui temática de aparência autobiográfica e foi a música que abriu esse trabalho. O texto dessa canção evoca uma relação com o passado que parece pertencer à memória de todo indivíduo. Em 1999, Clodo se apresentou no projeto “Temporadas Populares”, organizado pelo Governo do Distrito Federal, dividindo o palco com o compositor baiano Tom Zé. No ano seguinte, o mesmo projeto reuniu Clodo e Zé Ramalho da Paraíba em uma única apresentação.
Em 2001, foi lançado o único disco em formato digital da carreira de Clodo, Climério e Clésio. Reunindo músicas dos três últimos Lp’s do trio, esse CD recebeu o nome de Tiro Certeiro (T-Bone Cultural, 2001).
Em 2002, por conta de uma iniciativa sua, Clodo passou a ministrar o curso “Comunicação e Música” na Faculdade de Comunicação da UnB. Nesse mesmo ano lançou o CD Gravura (UnB Discos, 2002) contendo apenas músicas inéditas. Nele, Clodo Ferreira prestou uma homenagem ao poeta e gravurista J. Borges: o encarte do disco foi ilustrado com fotografias das ferramentas utilizadas pelo artesão. Oswaldinho, Manassés e Mauro Sérgio tiveram participação especial nesse trabalho (os dois primeiros estiveram também no Corda de Aço). Dentre os músicos que acompanharam Clodo Ferreira, vale mencionar a presença de João e Pedro Ferreira, filhos do compositor. O cd Gravura foi dedicado à sua esposa Helô. Também em 2002 se deu a estréia do filme Eu não conhecia Tururu, com roteiro e direção de Florinda Bolkan, cujo tema principal utilizado na trilha sonora foi “Revelação” – tanto a gravação original de Fagner, quanto em vinhetas instrumentais com trechos da canção.
Após o lançamento de Gravura, Clodo passou a se dedicar ao estudo da obra de J.B. da Silva, o Sinhô, compositor carioca considerado o “rei do samba” na década de 1920. Buscando encontrar e reproduzir com fidelidade as características harmônicas e os timbres da obra de Sinhô - e da música que se tocava no período de seu surgimento -, Clodo formou uma banda que incluiu entre seus instrumentos a tuba e o flugelhorn, pouco usuais na feitura da música popular atual. O repertório de Sinhô foi apresentado por Clodo e Banda no Clube do Choro, da capital federal, por duas ocasiões: em agosto e novembro de 2003.
No início de 2004, parte do produto dessa pesquisa foi levada ao público brasiliense que esteve presente no Conjunto Nacional, quando do lançamento do livro Tem mais samba (Editora34, 2004), escrito por Tárik de Souza. No decorrer daquele ano a Sony Music reuniu em uma caixa os discos de Fagner gravados no período de 1975 a 1985 que trazia fonogramas considerados mais raros de sua carreira. Nessa compilação foi lançada a música “Oferenda”, do disco Chapada do Corisco, como faixa bônus do disco Beleza.
2004 marcou também o ano em que Clodo Ferreira deu início à sua pesquisa de doutoramento em História Cultural junto à UnB. 



Brasília, julho de 2004.



                                                           Magno Cirqueira Córdova.

  

Discografia
(por ano de lançamento)

-          Chope no Escuro - Clodo, Climério e Malu Moraes. Compacto Simples Independente (Tanahora – 1974)

Lado A:
1)      Ave estrangeira (Clodo e Climério)
2)      Rua São João (Clodo)

Lado B:
1)      Chope no escuro (Climério)
2)      Prosa e verso (Climério)

-          São PiauíClodo, Climério e Clésio. LP (RCA – 1977)

Lado A:
1)      A noite, amanhã o dia (Climério)
2)      Cebola Cortada (Petrúcio Maia e Clodo)
3)      Cantiga (Clésio e Clodo)
4)      Conflito (Petrúcio Maia e Climério)
5)      Folia ou Pressa (Clésio e Augusto Pontes)
6)      Ilha azul (Clodo)

Lado B:
1)      Zero Grau (Clésio e Climério)
2)      Palha de arroz (Climério)
3)      Cada gesto (Clodo)
4)      Céu da boca (Clodo e Climério)
5)      Nudez (Clésio e Clodo)
6)      São Piauí (Bê e Climério)

-          Chapada do CoriscoClodo, Climério e Clésio. LP (CBS – 1979)

Lado A:
1)      Rixa (Clodo e Climério)
2)      Flor do coqueiro (Pita) (Clésio e Clodo)
3)      Morena (Naeno)
4)      Chapada do Corisco (Clodo e Climério)
5)      Dia Claro (Dominguinhos e Clésio)

Lado B:
1)      Oferenda (Clésio, Clodo e Climério)
2)      Modo de ser (Clodo)
3)      Timom (Clésio e Climério)
4)      Enquanto engoma a calça (Ednardo e Climério)
5)      Revelação (Clésio e Clodo).

-          FerreiraClodo, Climério e Clésio. LP (RCA – 1981)

Lado A:
1)      Louco luar (Clodo, Climério e Clésio)
2)      Cabeça feita (Clodo, Climério e Clésio)
3)      Ave Coração (Zeca Bahia e Clodo)
4)      Por um Triz (Clodo, Climério e Clésio)
5)      Roupa de domingo (Clodo, Climério e Clésio)
6)      Luz do dia (Clodo, Climério e Clésio)

Lado B:
1)      Geração (Clodo, Climério e Clésio)
2)      Passagem do Cometa (Clodo, Climério e Clésio)
3)      Brilho do sol (Clodo, Climério e Clésio)
4)      Estaca Zero (Ednardo e Climério)
5)      Remanso (Vicente Lopes e Clésio)
6)      Não é inútil amar (Clodo, Climério e Clésio)

-          Profissão do Sonho Clodo, Climério e Clésio – LP (Produção Independente – 1989)

Lado A:
1)      Silêncio agrário (Clodo, Climério e Clésio)
2)      Olinda (Clodo, Climério e Clésio)
3)      Tiro Certeiro (Clodo, Climério e Clésio)
4)      Canção de esquina (Clodo, Climério e Clésio)
5)      Beijo insosso (Clodo e Zeca Bahia)

Lado B:
1)      Boi divino (Clodo, Climério e Clésio)
2)      Distraída (Clodo, Climério e Clésio)
3)      Túnel do tempo (Clodo, Climério e Clésio)
4)      Dilúvio (Clodo, Climério e Clésio)
5)      Aruanã (Instrumental) (Clodo, Climério e Clésio)

-          Clodo, Climério e Clésio – Clodo, Climério e Clésio – LP (Som da Terra – 1991)

Lado A:
1)      Revoada (Clodo, Climério e Clésio)
2)      Corda bamba (Clodo, Climério e Clésio)
3)      Elo perdido (Clodo, Climério e Clésio)
4)      Queira ou não queira (Dominguinhos e Clodo)
5)      Outra cor – Adaptação de adágio de Albinoni (Clodo, Climério e Clésio) Versos de Clésio


Lado B:
1)      Conterrâneos (Clodo, Climério e Clésio)
2)      Balé (Clodo, Climério e Clésio)
3)      Brasília (Clodo, Climério e Clésio)
4)      Morada (Clodo, Climério e Clésio)
5)      Flor do coqueiro / Pita (Clodo e Clésio)

-          AfinidadeClodo, Climério e Clésio – LP (Som da Terra – 1993)

Lada A:
1)      Quando a palavra nasce (Clodo, Climério e Clésio)
2)      Saudades do paraíso (Clodo, Climério e Clésio)
3)      Paraíba do Sul (Antônio Adolfo e Climério)
4)      Corda de aço (Raimundo Fagner e Clodo)
5)      Vitalidade (Clodo, Climério e Clésio)

Lado B:
1)      Borboleta branca (Clodo, Climério e Clésio)
2)      Outra vez (Dominguinhos e Clésio)
3)      Afinidade (Clodo, Climério e Clésio)
4)      Todas as cores (Clodo, Climério e Clésio)
5)      Quintais (Clodo, Climério e Clésio)

-          Corda de Aço Clodo Ferreira – CD (UnB Discos – 1998)

1)      Mentira da Saudade (Clodo)
2)      Cebola Cortada (Petrúcio Maia e Clodo)
3)      Revelação (Clodo e Clésio)
4)      Querubim (Dominguinhos e Clodo)
5)      Ponta do Lápis (Rodger Rogério e Clodo)
6)      Ave Coração (Clodo e Zeca Bahia)
7)      Meio-Dia (Fagner e Clodo)
8)      Borboleta Branca (Clodo, Climério e Clésio)
9)      Beijo Insosso (Clodo e Zeca Bahia)
10)  Corda de Aço (Fagner e Clodo)

-          Tiro Certeiro – Clodo, Climério e Clésio – CD (T-Bone Cultural – 2001) *

1)      Balé
2)      Olinda
3)      Boi Divino
4)      Silêncio Agrário
5)      Distraídas
6)      Saudades do Paraíso
7)      Quando a palavra nasce
8)      Conterrâneos
9)      Borboleta Branca
10)  Tiro Certeiro
11)  Afinidade
12)  Canção de Esquina
13)  Aruanã

*Todas as músicas são de Clodo, Climério e Clésio

-          Gravura – Clodo Ferreira – CD (UnB Discos – 2002)

1)      Pedra Lapidada (Clodo Ferreira)
2)      Os Iguais (Clodo Ferreira)
3)      Gravura (Clodo Ferreira)
4)      Matutei (Clodo Ferreira)
5)      Dimensão (Clodo Ferreira)
6)      Quebra-queixo (Clodo Ferreira)
7)      Rama (Clodo Ferreira)
8)      Engrenagens (Clodo Ferreira)
9)      Feitiço Mineiro (Ribah Nascimento e Clodo Ferreira)
10)  Senhora Pantaneira (Clodo Ferreira)


Fontes consultadas

-          As revelações de Clodo Ferreira. Entrevista disponível na página http://www.fagner.com.br .
-          BAIANA, Ana Maria. “Voz pra cantar Corda de Aço”. In: Nada será como antes: mpb nos anos 70. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1980.
-          CAZARRÉ, Lourenço. Um castelo no cerrado: histórias de moradores e artistas da SQN 312. Brasília: Ed. Do Autor, 2002.
-          Clodo Ferreira: Revelação na ponta do lápis. Entrevista concedida por Clodo Ferreira ao jornalista Roberto Homem. Jornal Zona Sul. Ano XII Nº 100. Novembro de 2003. Natal/RN.
-          MORELLI, Rita C. L. Indústria Cultural: um estudo antropológico. Campinas, SP: Editora da UNICAMP, 1991.

Obs: parte das informações colhidas para compor este texto foi fornecida por Clodo Ferreira, que disponibilizou seu arquivo pessoal e prestou vários depoimentos a Magno Córdova, no período de março a julho de 2004.




Os vídeos aqui anexados foram retirados do Youtube.

sábado, 25 de agosto de 2012

Terezinha de Jesus










O texto a seguir foi enviado, no ano de 2004, ao ICCA - Instituto Cultural Cravo Albin, tendo em vista a publicação do verbete da cantora potiguar Terezinha de Jesus. Na época, eu iniciava os estudos e a pesquisa acadêmica em torno de um projeto de mestrado encaminhado e aprovado pelo Programa de Pós-Graduação em História (História Cultural) da UnB - Universidade de Brasília, pesquisa que teve por objeto um determinado segmento da música popular realizada na década de 1970 por artistas nascidos na região Nordeste do Brasil. O conteúdo do texto foi publicado pouco tempo depois no Dicionário Cravo Albin da Música Popular Brasileira. (Confira: http://www.dicionariompb.com.br/terezinha-de-jesus ).

O vídeo em anexo foi extraído do Youtube:
(http://www.youtube.com/watch?v=wTBqROsaXAU&feature=player_detailpage)



   Terezinha de Jesus por Magno Córdova

            Terezinha de Meneses Cruz nasceu em 3 de julho de 1951, em Florânia, cidade localizada a cerca de duzentos quilômetros de Natal, na região conhecida como Sertão do Seridó, estado do Rio Grande do Norte.
            Na infância, participou de corais em colégios onde estudou, na cidade de Currais Novos (RN), vizinha à sua terra natal. Em 1970, já residindo na capital do Estado, foi convidada por sua irmã – a cantora Odaíres – e pelo seu cunhado – o cantor e compositor Mirabô – a participar do espetáculo intitulado Explo70, realizado no Sesc da Cidade Alta, em Natal. A partir de então, passou a se apresentar regularmente na cidade.
            É desse período inicial de sua formação artística a participação nos festivais de música popular nordestina, comumente realizados em Natal, Recife e Salvador. Com a música intitulada “Quero talvez uma nega”, co-autoria dos compositores potiguares Ivanildo Cortez e Napoleão Veras, venceu uma das edições do festival, em Natal e em Recife. Ainda no Rio Grande do Norte, integrou o Grupo Opção, formado por Mirabô, Márcio Tarcino, Expedito, dentre outros. Após dois anos de atuação pelo Nordeste, todos os componentes do “Opção” seguiram para o Rio de Janeiro, destino comum de boa parte dos artistas brasileiros surgidos à época.
            O nome artístico adotado por Terezinha até aquele momento era “Tiazinha”. Ao travar contato com o ambiente musical fluminense, conheceu o compositor Abel Silva que lhe sugeriu a adoção do nome com o qual se tornou conhecida do público. No Rio de Janeiro, antes de lançar trabalho autoral, Terezinha de Jesus participou como vocalista em espetáculos e gravações de artistas como Tim Maia, Trio Esperança, Golden Boys e Quarteto em Cy. Paralelamente, realizava shows para plateias cada vez maiores, consolidando sua voz como das mais atraentes surgidas naquele momento na cena musical popular brasileira.
Em janeiro de 1978 a Revista de Música trouxe uma relação de artistas revelados no ano anterior. Terezinha de Jesus ganhou destaque como voz feminina juntamente com a cearense Amelinha.
A primeira gravação solo da cantora veio em 1978, no formato de compacto em vinil lançado pela FUNARTE, dentro do Projeto Vitrine. Posteriormente, esse registro foi incluído no CD homônimo àquele projeto (parceria FUNARTE/Atração Fonográfica CD ATR 32053) onde também estão reunidas as primeiras gravações de Zizi Possi, Oswaldo Montenegro, Cláudia Savaget e Mongol, além da participação de Grande Otelo. Todas as músicas que Terezinha gravou para o Projeto Vitrine seriam aproveitadas no repertório do seu LP de estréia.
           No ano seguinte, portanto, através de um convite do cearense Raimundo Fagner – então diretor artístico do selo Epic, da gravadora CBS – gravou seu primeiro LP: Vento Nordeste. Nesse trabalho, Terezinha contou com as participações especiais de Dominguinhos (nas faixas “Fulô da Maravilha”, e “Aves Daninhas”) e Paulinho da Viola (em “Coração Imprudente”), além do grupo Cantares (na faixa “Na Direção do Dia”). Para apresentá-la ao público, vieram impressos na contra-capa do LP um texto de Carlos Capinam e outro de Abel Silva dando boas vindas à sua incursão no mundo do disco e da música popular brasileira.
            Caso de Amor é o título do segundo disco e também seu segundo trabalho consecutivo sob a direção de produção de Ivair Vila Real.
O disco seguinte – Pra Incendiar Seu Coração, de 1981 – foi produzido pelo músico e compositor Sivuca. A canção que dá título ao disco, de autoria de Moraes Moreira e Patinhas, pode ser considerada seu maior sucesso. Há nesse LP o dueto de Terezinha com a participação especial de sua irmã Odaíres interpretando “Prece ao Vento”, um clássico do cancioneiro popular brasileiro. Sivuca aparece também dividindo os vocais com a cantora em “Eu vi o mar virar sertão”.
Em 1982, Terezinha gravou o LP Sotaque. Contou com a participação especial do tecladista Mu, então integrante do grupo A Cor do Som (na música “Papo de Anjo, Baba de Moça”). Também aqui, Sivuca foi responsável pela produção. No mesmo ano de lançamento de Sotaque, Terezinha participou do disco Notícias do Brasil, do grupo pernambucano Quinteto Violado. Com o Quinteto Violado interpretou a música “Canto Livre”, de Fernando Filizola.
Seu último trabalho dessa primeira safra de contratos com a CBS – o LP Frágil Força, de 1983 – teve a produção de Luiz Carlos Maluly.
Após a gravação de Frágil Força - e não tendo renovado contrato com a CBS - Terezinha ficou sem gravadora e passou por um longo período distante dos estúdios.
Simultaneamente ao lançamento de discos, Terezinha levou seu repertório ao público em palcos espalhados pelo país, por diversas ocasiões. Cabe destacar aqui dois projetos voltados para a divulgação da música popular brasileira, dos quais participou ativamente e que foram muito importantes para a consolidação do seu nome na história recente da música popular feita no Brasil. No Projeto Pixinguinha, Terezinha de Jesus esteve presente em três edições: em 1979, dividiu o palco com os cantores/compositores Moraes Moreira e Djavan, em espetáculos ocorridos em algumas capitais do Sudeste e do Nordeste do país; em 1982 esteve ao lado da instrumentista, cantora e arranjadora carioca Rosinha de Valença; na edição de 1991, realizou espetáculo com o cantor e compositor paulistano Carlos José e com o Grupo Viva Voz, levando seu trabalho a cidades da região Sul do Brasil.
Pelo Projeto Seis e Meia, Terezinha de Jesus apresentou-se em 1981 com o cantor Biafra - na cidade do Rio de Janeiro - e com Elza Maria - em Recife. No ano seguinte, na sala Sidney Miller da FUNARTE do Rio, Terezinha de Jesus reuniu-se a Thereza Tinoco. Em 1983, foi a vez de se juntar ao grande compositor maranhense João do Vale, no Teatro João Caetano, na capital Fluminense. Ainda no Rio, em 1988, subiu ao palco com Marinês e Severo.
           No ano de 1994, Terezinha voltou a residir em Natal. Por duas vezes, na década de 90, marcou presença no palco do Teatro Alberto Maranhão, daquela capital, dentro da programação do Seis e Meia: em 1996, com o cearense Belchior, e em 1997, com Dominguinhos. Naquele ano de 97, a Sony compilou algumas faixas dos discos lançados até então e as reuniu em um CD incluído na série 20 Super Sucessos.
Iniciado o novo século, alguns indícios vieram apontar para uma retomada nas atividades musicais da cantora norte-rio-grandense. Um sintoma dessa nova etapa pode ser percebido com o reconhecimento da importância de seu trabalho pelos organizadores do Prêmio Hangar, uma iniciativa que põe em relevo trajetórias de artistas do Rio Grande do Norte: em 2003, Terezinha de Jesus recebeu o prêmio pelo conjunto de sua obra. No mesmo ano, ela se apresentou com os cantores e compositores Tunai e Dalto para o público de Natal, também dentro da programação do Projeto Seis e Meia.


Repertório gravado por Terezinha de Jesus:
(por ordem cronológica dos discos lançados)


Projeto Vitrine – 1978 (Compacto).

1 - Vento Nordeste (Sueli Costa e Abel Silva);*
2 – Cigano (Raimundo Fagner);
3 - Não Posso Crer (Mirabô e Capinam);
4 - Fulô da Fuloresta (João Silva e Geraldo Nunes).


Vento Nordeste – 1979 (EPIC LP - 144.303)

Lado A

1 - Vento Nordeste (Sueli Costa e Abel Silva);*
2 - Cigano (Raimundo Fagner);*
3 - Curare (Bororó);*
4 - Aves Daninhas (Lupicínio Rodrigues);
5 - Fogo Fátuo (Moraes Moreira e Chacal);
6 - Foi-se o Tempo (Petrúcio Maia e Fausto Nilo).

Lado B

            1 – Coração Imprudente (Paulinho da Viola);*
            2 – Não Posso Crer (Mentira) (Mirabô e Capinam);
            3 - Maresia (Sueli Costa e Abel Silva);
            4 – Na Direção do Dia (Juka Filho, José Renato e Claudio Nucci);*
            5 – Fulô da Maravilha (Luis bandeira);*
            6 – Fulô da Fuloresta (João Silva e Geraldo Nunes).


Caso de amor – 1980 (EPIC LP - 144.411)

Lado A
            1 – Tua Sedução (Moraes Moreira e Fausto Nilo);*
            2 – Caso de Amor (Wilson Cachaça e Ronaldo Santos);
            3 – Qui Nem Jiló (Luiz Gonzaga e Humberto Teixeira);
            4 – Acalanto (Mirabô e Capinam);
            5 – Cidade Submersa (Paulinho da Viola);*
            6 – Agradecido (Manduka).

Lado B
            1 – Alegria e a Dor (Tesouro da Juventude) (Sueli Costa e Abel Silva);
            2 – Pra Ficar Me Esperando (Beto Fae e Paulo Roberto Barros);*
            3 – Retrato da vida (Elton Medeiros);
            4 – Vida, Vida (Anísio Silva);
            5 – Dança ( Renato Alt e Luis Sérgio dos Santos);
            6 – Asas (Fagner e Abel Silva).


Pra Incendiar Seu Coração – 1981 (EPIC LP - 144.459)

Lado A
            1 – Amizade (Beto Marques);
            2 – Quando Chega o Verão (Dominguinhos e Abel Silva);*
            3 – Flor do Xaxado (Mirabô e Capinam);*
            4 – Pra Incendiar Seu Coração (Moraes Moreira e Patinhas);*
            5 – Amar Quem Eu Já Amei (João do Vale e Libório);
            6 – Prece ao Vento (Gilvan Chaves, Alcyr Pires Vermelho e Fernando Luiz).*

Lado B
            1 – Coração Cigano (José Renato e Juka Filho);*
            2 – Por Esse Amor (Ronald Pinheiro e Robertinho de Recife);
            3 – Couraça (Adler São Luiz);*
            4 – Eu Vi o Mar Virar Sertão (Sivuca e Cacaso);*
            5 – Xote Menina (Robertinho de Recife e Fausto Nilo);*
            6 – Rio Coração (Luis Sérgio).

Sotaque – 1982 (EPIC LP - 144.462)

Lado A
            1 – Sotaque (Sivuca e Ana Terra);
            2 – Dom Divino (Jurandy da Feira);
            3 – Mares Potiguares ( Mirabô e Capinam);
            4 – Atrás do Circo Voador (Aroldo, Levi e Abel Silva);
            5 – Fervendo de Amor (Ronald Pinheiro e Papa Kid);
            6 – Nova Ilusão (Pedro Caetano e Claudionor Cruz).*

Lado B
            1 – Cidade de Conde (Afonso Gadelha e Glorinha Gadelha);
            2 – Éramos Dois (Dominguinhos e Mariah Costa Penna);
            3 – Papo de Anjo, Baba de Moça (Mú e Guilherme Arantes);
            4 – Deslumbrante Moço (Theresa Tinoco);
            5 – Homenagem a São João (Pout-Pourri):
a)      São João na Roça (Luiz Gonzaga e Zé Dantas);
b)      Brincadeira na Fogueira (Antônio Barros);
c)      Olha Pr’o Céu (Luiz Gonzaga e José Fernandes).
6 – Evocação nº1 (Nelson Ferreira).




Frágil Força – 1983 (EPIC LP - 144.469)

Lado A
            1 – Odalisca em Flor (Moraes Moreira e Waly Salomão);*
            2 – Frágil Força (Luiz Melodia e Ricardo Augusto);*
            3 – Hora Adora (Beti Niemeyer);
            4 – Mar Azul (Chico Guedes, Terezinha de Jesus e Babal);
            5 – De Mansinho (Enoch Domingos e Jotagê Campanholi);
            6 – Baú de Brinquedos (Abel Silva e Nonato Luiz).

Lado B
            1 – Vento Leste (Paulo Debétio e Waldir Luz);
            2 – A Paixão (Mirabô e capinam);
            3 – Bumerangue (Moraes Moreira e Abel Silva);
            4 – Beijo na Bochecha (Moacir Albuquerque e Tavinho Paes);
            5 – Linda Flor (Yayá) (Henrique Vogeler, Marques Porto e Luiz Peixoto).


  • As músicas indicadas com asterisco (*) foram incluídas na coletânea “20 Super Sucessos – Terezinha de Jesus”, de 1997. (CD 470.246 Polydisc)


Referências e Fontes Consultadas:


Endereços Eletrônicos:



Fontes Impressas:

-    Acervo Funarte da Música Brasileira. In: A História da música brasileira agora tem uma história: Acervo Funarte da Música Brasileira (Catálogo). Ministério da Cultura – FUNARTE/Atração Fonográfica. S/d.

-       FILHO, Gilvandro. Bodas de Frevo – A História do Quinteto Violado. Recife: cia Editora de Pernambuco (CEPE), 1998.

-         JÚNIOR, Costa e HOMEM, Roberto. “Zona Sul – Entrevista Terezinha de Jesus”. Jornal Zona Sul, Natal, outubro de 2003. p.04.

-       RIBEIRO, Matias José. “Terezinha sabe bem o que cantar. Falta saber bem como”.Revista Somtrês. Editora Três, Agosto de 1979. pp.83/4.


Fontes orais e escritas:

-       Terezinha de Jesus. Depoimento prestado ao autor, em abril de 2004, e informações enviadas via correio eletrônico, no mesmo período.




Brasília, maio de 2004.

            

terça-feira, 15 de maio de 2012

Modinha

       Domingos Caldas Barbosa era filho de pai branco com mãe negra de Angola. Nasceu por volta de 1740 no Rio de Janeiro. Reconhecido pelo pai, pôde freqüentar os colégios jesuítas. Sua transferência para a colônia de Sacramento, no extremo sul do país, quando chegou à idade militar, foi motivada pelas queixas contra os versos satíricos que escrevia na escola. Em 1762, volta ao Rio e faz amizade entre os negros e mulatos tocadores de viola da vida boêmia. Ali, faziam “modas”, como eram conhecidas as cantigas populares na época. Suas frases curtas com versos de quatro ou sete sílabas e tendo o violão ou bandolim no acompanhamento, passam a ser tratadas de “modinhas”.


       Em 1775, o trovador Caldas Barbosa vai a Lisboa. O tom direto e desenvolto com que se dirige às mulheres e a malícia dos seus versos surpreendem os europeus da corte de D. Maria I. O êxito de sua música na metrópole está ligado ao rompimento declarado com as formas antigas da canção. O quadro moral imposto pela inquisição àquelas elites as tornara carentes de expressões artísticas livres de preconceito. A Modinha recebeu um tratamento erudito dos europeus na primeira metade do século XIX. Retornou ao Brasil com nova roupagem, associada à ópera italiana. Somente com o advento da República é que a modinha recupera sua popularização e nacionalização: tornam-se comuns no Brasil republicano as serenatas à luz dos lampiões de rua. Domingos Caldas Barbosa foi o primeiro poeta e violeiro a projetar uma música tipicamente brasileira fora e dentro do nosso território.


Além da biografia de Caldas Barbosa (editora 34), cuja capa traz a reprodução de uma imagem do autor (acima), uma outra indicação de leitura é o “Pequena História da Música Popular” (há uma edição conjunta Vozes/Círculo do Livro). Ambos foram escritos por José Ramos Tinhorão.