por Magno Córdova
A palavra recôncavo significa, dentre outras coisas,
a terra circunvizinha de uma cidade ou de um porto. No caso brasileiro, pronunciada isoladamente, esta palavra comumente se refere a uma extensa e fértil região da Bahia situada nas proximidades de
Salvador e que circunda a Baía de Todos os Santos.
Fazem parte do Recôncavo
Baiano, sedes, povoados e distritos de vários municípios como Conceição do
Almeida, Mutá – que pertence a Jaguaripe -, Acupe e São Brás – que pertencem a
Santo Amaro da Purificação -, Cachoeira, Terra Nova, Castro Alves, Nazaré das
Farinhas, Arembepe – que pertence a Camaçari -, São Francisco do Conde,
Maragogipe e Muritiba, chegando até Irará, município que faz fronteira com o
sertão do estado.
Considerada uma das regiões brasileiras onde o resultado dos
cruzamentos étnicos entre portugueses, índios e diversas etnias negras se deu
com maior intensidade, o Recôncavo teve um papel de destaque na economia
colonial brasileira através da produção da cana-de-açúcar e do fumo. Nos
primeiros anos de existência de Salvador, cidade fundada em 1549 e sede do
primeiro governo geral da colônia, a atividade portuária local era intensa. A
criação de gado no sertão e a descoberta de ouro e diamante na Chapada
Diamantina também contribuíram para a dinamização das atividades comerciais
voltadas para exportação no Recôncavo.
A ocupação local pode ser observada
ainda hoje pela preservação da arquitetura barroca em diversos municípios do
lugar, que os elevou à condição de Patrimônio da Humanidade pela Unesco, no século
XX. A diversidade e riqueza das manifestações culturais remanescentes dos povos
que habitaram e que ainda habitam o Recôncavo da Bahia dão conta da intensidade
com que se realizaram os cruzamentos étnicos na região. A lenda do Gaspi, os
rituais do Candomblé, do Bembé do Mercado e dos repentistas e cantadores das
feiras livres; o Nêgo-fugido, a Capoeira e o Maculelê; o Reisado, o Lindro Amor, os Ternos de Reis e a Burrinha; o Bumba-meu-boi e o Boi de Janeiro; todas
elas manifestações originárias do Recôncavo. Sem contar as variantes do samba
de roda: o samba da capela, o samba de vira-mão, o samba coco e o samba-chula.
Uma sugestão para saber mais sobre o Recôncavo é o
vídeo-documentário “Recôncavo na palma da mão”, produzido pelo Instituto
de Radiodifusão Educativa da Bahia e pela TV Educativa (anexo abaixo, extraído do youtube).
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