por Magno Córdova
Em 1918, a população da cidade do Rio de Janeiro viveu momentos de
desespero: um surto de gripe espanhola assolou a
cidade tornando vítimas milhares de pessoas. Carlos Moreira de Castro, morador
do Morro da Mangueira, perdeu a mãe e a irmã com a gripe. Carlos, mais
conhecido como Carlos Cachaça, já morava no morro desde 1910, quando tinha oito
anos de idade.
Por volta de 1919, chegou ao morro da Mangueira aquele que
seria o maior amigo e parceiro musical de Carlos Cachaça: Angenor de Oliveira,
o Cartola. Reunidos a vários outros companheiros de badernas e bebedeiras,
criaram um bloco carnavalesco para competir com os outros da comunidade: o
Bloco dos Arengueiros. Participaram do Bloco, além de Carlos e Cartola, os
amigos Marcelino, Arthuzinho, Chico Porrão, Fiúca, Homem Bom e outros. Apesar
das badernas, eram reconhecidos em todo morro como letristas e batuqueiros
insuperáveis.
Enquanto isso, no Estácio de Sá, compositores como Ismael Silva,
Bide e Marçal começavam a gravar músicas do gênero que chamava atenção à época
e ganhava espaço entre os cantores de rádio: o samba. Prevendo a possibilidade
de serem conhecidos fora dos limites do morro, Carlos Cachaça e seus amigos
resolvem mudar de comportamento e fundaram, em 28 de abril de 1928, a Escola de
Samba Estação Primeira de Mangueira, na Travessa Saião Lobato nº 21, no Buraco
Quente, região localizada no morro. Da parceria Carlos Cachaça e Cartola surgiriam sambas que ficaram guardados na memória coletiva: “Não quero mais”,
do início dos anos 30, “Quem me vê sorrindo” e “Alvorada”, dos anos 40, dentre
outros.
A história do samba “Alvorada” é curiosa: a primeira parte da obra, com
letra e música de Carlos, já era cantada na quadra da Mangueira desde a década
de 40, com a segunda parte improvisada, o que eles chamam de “samba versado”.
Somente 20 anos depois, Cartola compôs a música da segunda parte e Hermínio
Belo de Carvalho compôs a letra.
Aqui, interpretação de Cartola para o samba feito em parceria entre ele e Carlos Cachaça
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