(por Magno Córdova)
(Imagem recente da Praça 7, no centro de Belo Horizonte, considerada o coração da cidade. Na praça se dão os cruzamentos das avenidas Afonso Pena e Amazonas e das ruas Rio de Janeiro e Carijós).
A zona
urbana de Belo Horizonte se compõe de um traçado ortogonal de ruas e avenidas
separadas da zona suburbana pela antiga avenida 17 de Dezembro, atual Contorno.
O modelo inicialmente concebido pelos construtores da cidade incluía uma
terceira área que seria a zona rural, onde se localizavam as colônias
agrícolas e que se constituiria em um “cinturão verde”. A ocupação dessas
áreas não se deu de acordo com o previsto pelos idealizadores do modelo
habitacional. A zona urbana teve boa parte de seus terrenos postos em leilão
para que a seleção de proprietários se desse por um critério de renda. O que se
verificou foi que, já no ano de 1902, viviam cerca de duas mil pessoas em favelas
no interior da área da Contorno, principalmente nas regiões do entorno da
avenida Amazonas, antiga Barroca, atual Barro Preto, local então destinado para
o Jardim Zoológico municipal. Em algumas dessas áreas apareceram Vilas
Operárias, locais habitados por aqueles que comprovavam bom comportamento e
educação sanitária. A previsão de que a ocupação se daria do centro para as
regiões periféricas foi subvertida, conforme atestam os dados do censo
realizado em 1912: dos 39 mil habitantes moradores da cidade naquele ano, quase
70% residiam nas áreas suburbanas e na zona rural. Ou seja, cerca de 27 mil
pessoas já haviam se estabelecido fora do espaço da avenida do Contorno. A área
interna a essa avenida foi projetada para receber uma população de 30 mil
pessoas e contava com apenas 12 mil habitantes naquela época. Nas décadas de
1930 e 1940, a cidade conheceu um período de extraordinário desenvolvimento
urbano, em especial fora da Avenida do Contorno, que iria se refletir nas
décadas posteriores. Em trinta anos, a população da cidade saltou dos 211 mil
habitantes de 1940, para 1 milhão 255 mil habitantes em 1970. Mais da metade
dessa população não era nascida na cidade, sendo grande parte dela originária
das áreas rurais de todo o estado de Minas.
(Em 1978, o grupo de músicos cuja atuação estava diretamente associada à Minas Gerais prestou homenagem à capital do estado com a música "Ruas da cidade", de autoria dos irmão Márcio e Lô Borges. A canção foi interpretada por Lô e gravada no disco duplo Clube da Esquina 2, capitaneado por Milton Nascimento. Era a consolidação da experiência daquele "movimento" musical que, pela segunda vez, dava título a um disco com o nome cunhado em torno da musicalidade mineira. Vídeo extraído do Youtube: https://www.youtube.com/watch?v=QGcHVDJhVH4)
Ruas da cidade
Composição: Lô Borges e Márcio Borges
Guiacurus Caetés Goitacazes
Tupinambás Aimorés
Todos no chão
Guajajaras Tamoios Tapuias
Todos Timbiras Tupis
Todos no chão
A parede das ruas
Não devolveu
Os abismos que se rolou
Horizonte perdido no meio da selva
Cresceu o arraial
Passa bonde passa boiada
Passa trator, avião
Ruas e reis
Guajajaras Tamoios Tapuias
Tupinambás Aimorés
Todos no chão
A cidade plantou no coração
Tantos nomes de quem morreu
Horizonte perdido no meio da selva
Cresceu o arraial
Uma boa leitura sobre a cidade de BH é o livro “Belo Horizonte: espaços e tempos em construção”, organizado por Roberto Luis de Melo Monte-Mór. Publicação do CEDEPLAR – Centro de Desenvolvimento e Planejamento Regional e Prefeitura de Belo Horizonte. Destaque para o texto “Habitação e produção do espaço em Belo Horizonte”, de Heloísa Soares de Moura.
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